Caxias do Sul - O Dia Mundial dos Animais, comemorado hoje, serve para uma reflexão sobre como o homem vem tratando da fauna. Na Serra, é certo que a constante degradação do meio ambiente natural, seja pelo desmatamento, ampliação de áreas agrícolas e plantio de pinus e eucalipto, aparecem como as principais ameaças à vida dos animais silvestres. Embora o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não tenha dados estatísticos, os técnicos alertam que o tratamento do homem em relação às espécies precisa ser revisto.
De acordo com a analista ambiental do Núcleo de Fauna do Ibama-RS, a bióloga Cibele Barros Indrusiak, a velocidade da destruição da natureza dificulta o acompanhamento estatístico do órgão. Em questão de meses, por exemplo, o cardeal amarelo sumiu dos campos do Estado pela modificação do habitat ou pela captura por criadores.
- Mesmo que esses animais continuem se reproduzindo em alguns cativeiros, sofrem modificações em relação ao espécime que se reproduz no ambiente natural - explica a bióloga.
Mais prejudicial do que a captura e a caça predatória, a modificação do habitat das espécies silvestres preocupa os técnicos do Ibama. Depois do ciclo do desmatamento indiscriminado das décadas de 1960 e 1970, o posterior aumento da área cultivada em lavouras sem cuidado com a fauna acabou com grande parte das espécies nativas do Rio Grande do Sul.
- A questão é, de certa forma, cultural. Os imigrantes foram jogados aqui sem infra-estrutura. E até hoje a natureza é vista como um obstáculo a ser ultrapassado ou algo a ser domado - comenta Cibele.
Nos últimos anos, o vilão, principalmente para as aves, tem sido o cultivo de pinus e eucalipto para a comercialização da madeira. Segundo os biólogos do Ibama, as espécies nativas gaúchas possuem pouca capacidade de adaptação aos novos ambientes e sofrem a cada banhado ou pedaço de floresta suprimidos pelo homem.
- Precisamos de um mosaico de áreas naturais. E quem tem na mão essa responsabilidade é o produtor rural, que precisa receber subsídios técnicos e financeiros para promover a preservação - ensina a bióloga.
Uma das fórmulas sugeridas pelo Ibama é que os produtores rurais incluam os custos da preservação nos produtos por eles produzidos.
- Muitas vezes sai mais barato preservar do que combater a natureza. Além disso, há cada vez mais consumidores preocupados em comprar produtos ecologicamente corretos - garante Cibele.
Bênção nos MacaquinhosO Dia Mundial dos Animais será comemorado hoje, a partir das 16h, no Parque Getúlio Vargas (Macaquinhos). Haverá bênção dos freis capuchinhos para animais domésticos, atrações musicais, distribuição de mudas de árvore e momentos de orações pelos bichos.
(Por João Machado,
Pioneiro, 04/10/2007)