Produzir pirarucu, óleos, madeiras certificadas, castanhas, flores tropicais e atrair turistas do mundo inteiro para apreciar as belezas e delícias oferecidas pela biodiversidade Amazônica foi o tema principal da reunião da Associação dos Sebraes da Região Norte (Abase), realizada ontem em Rio Branco.
Representantes de sete Estados estiveram debatendo os trabalhos que já vêm sendo realizados e o que pretendem realizar a partir de 2008 através do projeto de Desenvolvimento Estruturante para a Amazônia.
O projeto está fundamentado em cinco ações estruturantes para o pirarucu, as flores tropicais, produtos florestais não-madeireiros, turismo, madeira e móveis (certificados) em andamento nos Estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Pará, Roraima, Tocantins e Amapá. Os sete Estados participam das sete ações, mas, de acordo com sua vocação cada um se aplica mais em determinada área e então trocam informações e experiências como forma de acelerar o desenvolvimento regional.
No caso do Acre ganha destaque a cadeira produtiva da castanha do Brasil pela organização comunitárias dos seringueiros e sua industrialização através da Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Estado do Acre (Cooperacre) que já vende para todo o país e ensaia as primeiras exportações de amêndoas sem contaminação pela aflatoxína, o veneno que causa câncer. Tal façanha trouxe na semana passada representantes dos sete estados para conhecer esta experiência de sucesso.
"A marca Amazônia é hoje uma preferência mundial e temos de imprimi-la a nossos produtos como forma de gerar emprego e renda à nossa população. Para isso estamos trabalhando em parceria com os governos federal, estadual e municipal de toda a região, pois precisamos treinar nossos amazônidas com o melhor da inovação tecnológica para que administrem e transformem nossas paisagens e recursos naturais renováveis em geradores de riqueza com oportunidades para todos", esclareceu Pedro Teixeira Chaves presidente da Abase e que atua junto ao Sebrae de Rondônia.
Ele destacou que o Acre lidera o setor dos não-madeireiros, com destaque para a castanha e, o turismo pela posição estratégica para atrair ao Brasil turistas que visitam monumentos pré-colombianos como Macchu Picchu, como a também a Amazônia andina. Nesse mesmo sentido, os estados do Amazonas e Roraima estreitam laços com empresas de turismo da Venezuela e Colômbia, enquanto o Amapá também o faz com as Guianas.
Ainda com relação ao turismo, Tocantins investe na divulgação de paisagens únicas como o deserto do Jalapão. "Além de treinar profissionais e estimular a melhoria dos hotéis e pousadas, estamos investindo bastante na especialização para o turismo de aventura sugestionada pele diversidade de ambientes amazônicos. Todos os projetos tem foco sócio-ambiental, ou seja, devem gerar emprego e renda para a população respeitando o meio ambiente. Ao demonstrarmos sua viabilidade econômica estamos atraindo a iniciativa privada, especialmente as Micro e Pequenas Empresas que assim contribuem decisivamente para o desenvolvimento regional".
Pirarucu maravilha - Nesse sentido, estão sendo instaladas unidades demonstrativas em todo os Estados, no Acre, Rondônia e Amazonas já há a produção de alevinos de pirarucu, enquanto no Pará, Amapá e Tocantins isso está sendo iniciado agora. Roberta Figueiredo a coordenadora regional do Projeto Estruturante do Pirarucu esclareceu que: "O objetivo maior deste trabalho está na produção sistemática do pirarucu em lagos, açudes, tanques redes e demais sistemas disponíveis e que eles melhor se adaptem. Com isso poderemos oferecer ao mercado um produto típico de grande fama e aceitação comercial, ao mesmo tempo que poderemos estar melhorando a renda dos pequenos produtores familiares. Outra vantagem disto será diminuir a pressão da pesca predatória desta espécie ameaçada de extinção".
Já superintendente do Sebrae-Ac, economista Orlando Sabino destacou a importância das reuniões da Abase. "Em encontros como este nós avaliamos os resultados dos projetos em andamento, verificamos pontos fortes e fracos, além de propor as novas ações que serão realizadas ao longo do ano que vêm. As ações do projeto Estruturante para o Desenvolvimento da Amazônia são fundamentais para o sucesso dos micro e pequenos negócios que geram ocupação e renda com foco na sustentabilidade social e ambiental".
Coordenadora do projeto estruturante dos não madeireiros para a Amazônia, a agrônoma Carolina Gaia apresentou os bons resultados que vem sendo obtidos para o desenvolvimento da cadeia produtiva da castanha e aproveitou para anunciar que: "Neste momento estamos levantando o número de produtores e técnicas mais adequadas para manejar a extração dos óleos de copaíba e andiroba no Acre".
(Por Juracy Xangai,
Página 20, 03/10/2007)