Diplomatas e entidades de produtores agrícolas do Brasil promovem nesta quarta-feira (03) em Bruxelas uma conferência com deputados do Parlamento Europeu e com representantes da sociedade civil para tentar melhorar a imagem do etanol e da soja brasileiros na União Européia (UE).
O objetivo é acabar com desconfianças suscitadas por membros do Parlamento e do Executivo europeus, que alegam que o Brasil estaria promovendo o desmatamento da Amazônia com sua campanha mundial de incentivo ao uso de biocombustíveis e que o aumento na demanda por soja e cana-de-açúcar estaria levando os agricultores brasileiros a invadir áreas de floresta.
É a primeira vez que parlamentares europeus e representantes da sociedade civil são convidados a conhecer os métodos de produção de soja e etanol no Brasil.
"É importante mostrar as ações que estão efetivamente sendo tomadas pelo governo brasileiro para garantir uma produção sustentável, como a moratória que impede o comércio da soja cultivada na Amazônia, adotada há um ano", explicou à BBC Brasil o ministro André Correa do Lago, da Missão do Brasil para a UE.
Além de avaliar o resultado da moratória, a missão brasileira quer abordar a recente criação do Instituto do Agronegócio Responsável e dar garantias de que, mesmo com aumento de produção, os cultivos de soja e de cana-de-açúcar respeitem todos os critérios sociais e ambientais.
Segundo o porta-voz europeu de Agricultura, Michael Mann, o Brasil precisa ganhar a confiança da opinião pública européia em relação a seus métodos de produção se quiser liderar o mercado de biocombustíveis.
Em sua visita a Bruxelas, no início de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou desmentir essas afirmações e provar que o etanol brasileiro é produzido de forma sustentável, mas seus argumentos parecem não ter convencido a todos.
As críticas européias ganharam mais força depois das declarações do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, na semana passada, defendendo a entrada da cana em áreas da Amazônia.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Luiz Carlos Carvalho, deve explicar aos europeus quais são as regiões onde a cana-de-açúcar é plantada e afirmar que a Amazônia não é propícia para esse tipo de cultivo.
Carvalho também deve mostrar as práticas de produção do etanol e insistir no papel positivo do combustível na redução das emissões de gases do efeito estufa.
Os diplomatas brasileiros apoiarão a proposta da Comissão Européia (o órgão executivo da UE) de criar, ainda este ano, um certificado para identificar a produção sustentável de etanol.
O governo brasileiro já anunciou que pretende se antecipar e lançar, no Brasil, um certificado nos mesmos moldes.
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BBC, 03/10/2007)