A Petrobras repassará 9% de reajuste para as empresas distribuidoras de gás natural que recebem o produto importado da Bolívia. A informação foi dada nesta terça-feira (03/10), pela diretora de Gás e Energia da estatal, Graça Silva Foster, em sua primeira entrevista coletiva à imprensa depois que assumiu o cargo em substituição a Ildo Sauer.
“O repasse será imediato e, incluindo o preço do transporte, chegará, em média, a 9%. Será uma alta 'cheia', mas que deverá ser compensada, em parte, pela desvalorização do dólar diante do real”, afirmou, ao detalhar para os jornalistas o Plano de Negócios para a Área de Gás e Energia, que prevê investimentos de US$ 18,2 bilhões até 2012 para desenvolver a cadeia brasileira de gás natural – que inclui as áreas de Exploração e Produção, Abastecimento e Internacional.
Atualmente o Brasil importa da Bolívia cerca de 30 milhões de metros cúbicos diários de gás natural. O contrato, que tem validade até 2019, prevê reajustes trimestrais com base na variação de uma cesta de óleos no mercado internacional.
Como o petróleo voltou a subir e bateu recorde histórico ao ultrapassar a barreira dos US$ 80 por barril no mercado internacional, houve esse aumento significativo, que passou a vigorar a partir da última segunda-feira (01/10).
Nos dois primeiros trimestres deste ano, no entanto, como o preço do petróleo estava em queda, o gás boliviano importado pelo Brasil havia registrado queda – ou seja: o reajuste havia sido para baixo.
Na segunda-feira, em entrevista aos jornalistas bolivianos, o presidente da YPFB (a estatal boliviana do petróleo) havia anunciado que o reajuste do preço do gás, sem a inclusão do custo do transporte, seria de 7,9%.
Em setembro, a Petrobras já havia aumentado em 7% para as distribuidoras o preço do gás produzido no país – aumento que, no entanto, só começou a vigorar no começo deste mês.
Graça Silva Foster, porém, não quis estimar o percentual que será repassado pelas distribuidoras para o consumidor final porque, segundo ela, esse repasse dependerá da influência da valorização do real e da política comercial adotada por cada uma das distribuidoras de gás que atuam no país.
A diretora de Gás e Energia da Petrobras informou, ainda, que com o novo aumento, a estatal deverá passar a pagar cerca de US$ 6 por milhão de BTUs – aí já incluídos os custos do transporte.
Foster negou que a Petrobras vá adotar uma política de contenção do crescimento da demanda usando aumentos sucessivos de preços. "Não existe essa história de aumentar preço para baixar o consumo. O que é necessário é o equilíbrio entre a oferta e demanda, para que possamos ter retorno e continuarmos a investir nas atividades de exploração e produção. Para isso, nós precisamos nos tornar competitivos e sustentáveis no negócio de gás", acrescentou.
“Acabou aquele negócio de que vamos gastar e consumir gás, pois há incentivos e subsídios. Não é dessa forma que é feito. O que nós estamos fazendo agora é trabalhar oferta e demanda de forma racional e comprometida com o mercado", concluiu.