O governo da Bolívia disse na quarta-feira ter pedido ajuda a Argentina e Venezuela para combater a onda de incêndios florestais que obrigou ao fechamento de vários aeroportos e pode afetar as exportações de gás ao Brasil. O vice-ministro de Defesa Civil, Hernán Tuco, disse a jornalistas que a Bolívia pediu helicópteros e assistência técnica diante da "grande magnitude" dos incêndios, que lançam uma espessa camada de fumaça sobre grande parte do país, inclusive sobre as principais cidades.
"Necessitamos desenvolver um trabalho urgente para frear os incêndios e impedir que avancem para os centros povoados ou para os centros petroleiros", disse Tuco, sem citar a extensão das florestas e pastos afetados pelos incêndios, provocados por queimadas agrícolas. O prefeito de Villamontes, na região do Chaco (sul), Rubén Vaca, alertou em entrevista à rádio Erbol que há risco de que o fogo alcance o sistema de dutos que leva gás ao Brasil.
"[A estatal petrolífera] YPFB deveria se preocupar, o fogo está [quase] por chegar a poços e dutos", disse o prefeito, acrescentando que os incêndios estão fora de controle no parque nacional Aguaragüe, próximo aos grandes campos de gás operados pela brasileira Petrobras e pela espanhola Repsol-YPF.
Um porta-voz da Petrobras afirmou à Reuters, porém, que as jazidas controladas pela empresa na região do Gran Chaco estão fora de perigo "por enquanto, porque se encontram a cerca de 40 quilômetros da serra incendiada". Fontes da YPFB disseram também que não há relatos de "perigo imediato", mas confirmaram que todo o setor está em "estado de vigilância especial".
O diretor de Aeronáutica Civil, Javier García, disse em entrevista coletiva que 30 dos 37 aeroportos comerciais do país tiveram de fechar devido à fumaça, mas descartou um fechamento imediato dos terminais aéreos das três principais cidades do país - La Paz, Santa Cruz e Cochabamba. A Bolívia registra anualmente queimadas controladas em mais de 200 mil hectares de florestas e pastos, para preparar a terra.
(Por Carlos Alberto Quiroga,
Reuters, 03/10/2007)