Da cana-de-açúcar se aproveita tudo. Ou quase. O bagaço e a palha que servem de combustível para a geração de energia simplesmente não produzem nada. E isso ocorre pela falta de uma legislação específica para o mercado de geração de médio porte. Além da burocracia para que as usinas de álcool participem do processo de cogeração e possam vender a eletricidade. Um seminário na Assembléia Legislativa de São Paulo (AL-SP) debateu o tema nesta semana.
Dentre as conclusões, a necessidade de marcos regulatórios para o setor e de leis que dêem destino aos resíduos sólidos. O presidente da AL-SP, Vaz de Lima (PSDB), garantiu que a legislação paulista estará regulamentada até o próximo ano. Os resíduos da cana, em especial no oeste paulista têm potencial para produzir mais eletricidade que as hidrelétricas do Rio Madeira, em Rondônia, segundo a secretária de Saneamento e Energia (SAE) de São Paulo, Dilma Seli Pena.
Atualmente, dos 1,7 mil megawatts gerados por usinas em São Paulo, apenas 900 chegam a ser vendidos. De acordo com João Carlos de Mello, da Andrade & Canellas Consultoria e Engenharia, das 62 usinas que se cadastraram só 17 se tornaram vendedoras. Ele atribui o fato aos requisitos ambientais e ao preço da energia. O oeste paulista tem 150 usinas de álcool. A utilização dos restos de seu processo acarretariam ainda em economia de recursos não-renováveis.
De acordo com o coordenador de energia da SAE, Jean Cesare Negri, o Estado economizaria 9 milhões de metros cúbicos de gás por dia na produção de 2,2 mil megawatts. Ele destaca a possibilidade dessa matriz complementar a geração hidrelétrica em períodos de estiagem. “A sazonalidade é compatível e é a estocagem é possível.” Além disso, as unidades de geração de energia por biomassa têm período bem mais curto de instalação, em torno de dois anos.
(Por Jobson Lemos Batista, Carta Capital, 03/10/2007)