(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
hidrelétricas do rio madeira
2007-10-03
O movimento ambientalista considerou ter perdido uma batalha quando o Ibama deu sinal verde para a licitação das usinas hidrelétricas do rio Madeira, em julho.  Mas está longe de entregar os pontos.  Nesta semana, parte para uma ambiciosa ofensiva na Europa, com o objetivo de convencer megainvestidores a não apostarem euros no projeto das usinas.

Frustradas nas tentativas de barrar o licenciamento ambiental, organizações não-governamentais como a Amigos da Terra e a International Rivers Network municiaram-se de estudos detalhados sobre os riscos financeiros do empreendimento e esperam provar aos bancos e multinacionais que investir nas usinas é dar um "salto no escuro".

A proposta é deixar de lado o discurso exclusivamente ambiental e falar a mesma língua do sistema financeiro.  Algumas das principais empresas interessadas nos leilões do Madeira têm sede na Europa.  .  É o caso dos bancos Santander e Banif (aliados da Odebrecht no consórcio com Furnas), da multinacional franco-belga Suez Energy e da construtora italiana Astaldi (parceira do grupo paulista Alusa na licitação).  No fim de outubro, fundos de pensão e bancos brasileiros também serão procurados.

Para os fundos, a mensagem é que o projeto das usinas ainda tem riscos elevados, que podem repercutir negativamente na aposentadoria dos seus pensionistas.  Para os bancos, o alerta se estende para o prejuízo de imagem, ao serem vinculados a um empreendimento já incluído no "Bank Track" - uma lista negra de 17 obras ao redor do mundo, que inclui reatores nucleares e até a fábrica de celulose da Botnia no Uruguai, consideradas nocivas pelo movimento ambientalista e cujo financiamento é monitorado de perto pelas ONGs.

No estudo da Amigos da Terra, são mencionados como riscos a guerra judicial entre os diversos consórcios, a indefinição sobre o custo da linha de transmissão Porto Velho-Araraquara e da taxa de compensação ambiental, o modelo de financiamento e até as mudanças climáticas em curso.  Alterações no regime de chuvas da região, segundo o relatório, já começaram a ser sentidas e podem agravar-se com o desmatamento, pondo em xeque a vazão do rio Madeira no médio e longo prazos.  Isso pode resultar em perda de potência e de rentabilidade das usinas

"Dado o caráter de longo prazo da concessão e do financiamento do projeto, assim como a alta sazonalidade da perspectiva de geração das usinas, tal risco não pode ser negligenciado", diz o estudo.

Outro fator de insegurança para o investidor, no que se refere à produção de energia das usinas, é a possibilidade de acúmulo de sedimentos nos reservatórios.  O relatório lembra que esse foi um dos pontos mais controversos no processo de licenciamento ambiental.

O Ibama acabou considerando satisfatórias as explicações apresentadas, após resistência inicial, mas o estudo pondera que os pareceres do consultor indiano Sultam Alam, sob encomenda do governo, basearam-se em visita de apenas três dias à região e referem-se apenas à barragem de Santo Antônio, com conclusões extensivas a Jirau.

A "fragilidade" da licença prévia emitida pelo Ibama é apontada como um risco para os investidores.  Segundo o relatório, o uso de consultores externos no processo pode invalidar o licenciamento, já contestado na Justiça pelo Ministério Público Federal.  A ação civil pública "pode ser julgada a qualquer momento", com riscos para o cumprimento do cronograma.  Se for obedecido o calendário proposto pelo governo, de entrada em operação de Santo Antônio em 2012, há grande risco de atraso e comprometimento do fluxo de caixa do projeto, indica o trabalho.

O relatório foi elaborado com base nos critérios das agências de rating para classificação de projetos, segundo o economista Gustavo Pimentel, gerente do programa Eco-Finanças da ONG Amigos da Terra.  "A questão do Madeira é emblemática para os movimentos sociais e ambientalistas.  De certa forma, vai definir como será a exploração energética da Amazônia.  Por isso, nos preparamos para ter uma discussão técnica", diz Pimentel "Não é um simples trabalho de ecologistas que pegaram um livro de finanças no fim de semana e se sentem prontos para tripudiar em cima de um projeto."

(Por Daniel Rittner, Valor Econômico, 02/10/2007)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -