Há sete anos, a energia solar resolveu o problema de Claudionor Sanches, o Dodô, o mais antigo pescador da localidade do Pontal da Barra, uma colônia de pescadores na praia do Laranjal, em Pelotas. Contemplada por um um projeto experimental do governo federal, a residência de Dodô é a única das 30 casas da localidade a ter energia elétrica. Nas demais, as famílias convivem com lampiões e sacos de gelo em vez de lâmpadas e geladeiras. Há três anos, a pequena colônia de pescadores reinvidica a instalação de rede elétrica. Para isso, no entanto, ainda necessita de autorização dos órgãos ambientais.
O gerente regional da CEEE, Manoel Brito, assegura que a empresa está com tudo pronto para realizar o serviço, mas como a vila está situada em uma área limítrofe com uma reserva de patrimônio natural só poderia fazer isso com o aval do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O chefe do escritório regional do Ibama em Rio Grande, Sandro Klippel, esclareceu, porém, que o caso é competência da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). O gerente regional da fundação em Pelotas, Francisco Finger, informou que, possivelmente, o caso seja de sua alçada, mas garantiu que até ontem não havia recebido nenhum pedido oficial sobre a análise ou liberação do empreendimento. Segundo Finger, é preciso haver avaliação do projeto e sua extensão, antes de qualquer parecer.
Enquanto a competência sobre quem deve liberar a obra não é definida, seu Dodô segue sendo a salvação dos vizinhos. É na sua casa que são carregadas baterias que alimentam rádios, aparelhos de TV e celulares. 'Alegam que estamos dentro da reserva, mas não é verdade. A área fica 100 metros atrás do espaço que era da Marinha, que a entregou à União', argumenta o pescador. A manutenção dos equipamentos de energia solar colocados nos fundos da recasa é feita pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas.
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Correio do Povo, 03/10/2007)