Um dia depois de reassumir cargo, vereador decide sair e dispara contra opositores Vinte e quatro horas depois de reassumir o cargo de vereador da Capital, por decisão da Justiça, Marcílio Ávila (PMDB) renunciou ao mandato na sessão de ontem. Motivo: não havia mais clima para conviver com os parlamentares que o cassaram há três meses por quebra de decoro parlamentar, após os desgastes provocados pela investigação da Operação Moeda Verde, da Polícia Federal. Marcílio quer voltar para a presidência da Santa Catarina Turismo (Santur), cargo que ocupava quando os vereadores decidiram cassá-lo por denúncias de interesse na liberação do habite-se para o Floripa Shopping.
DenúnciaMarcílio Ávila levantou suspeitas sobre os parlamentares Alexandre Fontes e Ângela Albino
Com a renúncia, Marcílio também poderá concorrer a cargo público no ano que vem, e o vereador Dalmo Meneses (PP) assume sua vaga no Legislativo. Mas antes de deixar a Câmara, o peemedebista disparou contra os vereadores de oposição Alexandre Fontes (PP) e Ângela Albino (PCdoB).
Ele levantou suspeitas sobre o recebimento de R$ 2 milhões em recursos públicos pela Federação Catarinense de Surfe (Fecasurf), entidade presidida por Fontes, e afirmou ter informações de “caixa 2” pela vereadora Ângela nas eleições de 2006, quando ela concorreu a deputada estadual.
As denúncias que Marcílio apresentou referem-se a dinheiro repassado pelo governo do Estado e Prefeitura de Florianópolis à Fecasurf desde 2005 para eventos esportivos internacionais WCT e WQS realizados em Santa Catarina.
Sem questionar o destino dos recursos, disse que o problema está no fato de a Lei Orgânica do Município e o código de ética da Câmara proibirem ao vereador comandar entidade e firmar contrato com o poder público. “Imagine se cada um dos 16 vereadores presidir uma associação e ir em busca de recursos. Iria faltar dinheiro na Prefeitura”, ironizou. “Isso é quebra de decoro e motivo de cassação”, completou.
Os documentos apresentados por Marcílio revelam que o governo do Estado liberou R$ 600 mil para o WCT 2005, R$ 562 mil ao WQS 2006, R$ 375 mil ao evento Maresia Surf Internacional 2007. Há também cópias de auditorias realizadas pela Controladoria-geral do Município em setembro deste ano em que são apontadas restrições ao vereador e presidente da Fecasurf por repasses que totalizam R$ 140 mil pela Fundação Municipal de Esportes. Entre as supostas irregularidades, estão ausência de licitação, além de pagamentos ilícitos. Marcílio mostrou um cheque de R$ 27.736,81 da Fecasurf nominado a Alexandre Fontes e afirmou que vai levar as informações ao Ministério Público Estadual e à mesa diretora da Câmara.
Ele não apresentou documentos sobre a denúncia contra Ângela Albino, autora do relatório que pediu sua cassação, em julho. Segundo Marcílio, a vereadora recebeu doação da empresa Vetel Ltda, de Curitiba, para a campanha em que concorreu a deputada estadual no ano passado e não a declarou no Tribunal Regional Eleitoral, o que caracterizaria crime eleitoral.
O secretário estadual de Turismo, Cultura e Esporte, Gilmar Knaesel, disse que a Fecasurf é uma instituição legal, que os projetos apresentados foram aprovados e prestadas as devidas contas. Knaesel frisou que os eventos que a entidade organiza dão credibilidade ao Estado. O superintendente da Fundação de Esportes de Florianópolis, Antônio Carlos Gouveia, não foi localizado para comentar o assunto.
(Por Diogo Vargas,
A Notícia, 03/10/2007)