O membro da Via Campesina e coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, afirmou ontem (02/10) que a liberação do milho transgênico dará fim à agricultura camponesa.
“A base de toda a cultura camponesa no Brasil, desde do Sul até o Norte está fundamentada muito no milho. A cada ano, os agricultores selecionam as melhores espigas e guardam - portanto têm segurança - e no outro ano plantam. E assim eles vão fazendo um melhoramento genético”, disse, durante o 2º Seminário Nacional sobre Agrotóxico, Saúde e Ambiente, que ocorre até esta quarta-feira (03/10), em Brasília.
Segundo ele, com o milho transgênico, a semente será patronizada. “A polinização do milho é pelo vento. Se vem um vento forte pode levar a quilômetros, e todos os outros milhos naturais se contaminam com aquele transgênico. Então vai chegar a um ponto que o agricultor não tem mais a sua própria semente”.
Atédile afirmou que as empresas Syngenta, Bauer e Monsanto querem registrar o milho transgênico para vender os agrotóxicos produzidos por elas mesmas.
“A empresa diz ao fazendeiro capitalista que, em vez de passar três tipos de venenos [agrotóxicos], ele terá uma semente que só veneno dá [para eliminar as pragas]. Mas o que estamos discutindo não é o modelo capitalista de produzir. E o camponês não passa nada de veneno”.
(Por Kelly Oliveira,
Agência Brasil, 02/10/2007)