O Secretário de Desenvolvimento e Planejamento Energético, Marcio Zimermam, afirmou nesta terça-feira (02/10), em audiência pública da Comissão Mista de Mudanças Climáticas, que uma das principais preocupações do setor é com o realismo ambiental e a avaliação precisa dos reais impactos de cada fonte de energia. O impacto do setor elétrico no aquecimento global foi o tema da audiência, que reuniu representantes do governo e de investidores do setor energético.
O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, que também participou do debate, chegou a criticar o movimento ecológico brasileiro por suas posições contrárias à construção de hidrelétricas no país. Ele afirmou que, quando organizações de defesa do meio ambiente combatem a criação de hidrelétricas, acabam, na verdade, apoiando a produção de "energia suja" proveniente, por exemplo, do óleo diesel e da gasolina - duas das alternativas à energia hidráulica no País.
Estratégia equivocada
Ele lembrou que essas entidades têm pressionado empresas européias a não investir na construção de hidrelétrica no Brasil, já que as obras provocam a derrubada de florestas. Jorge Kelman argumentou que o maior reponsável pela emissão de gás carbônico no Brasil, na verdade, são as queimadas - responsáveis pela perda de 20 mil quilômetros quadrados de florestas por ano.
Jerson Kelman assegura que o Brasil tem reduzido ou evitado a emissão de carbono a partir de sua matriz energética mais limpa, mas não tem sido valorizado por isso. Ele elogiou a proposta da deputada Rebeca Garcia (PP-AM), que propôs ao governo federal apresentar, na próxima reunião entre os países signatários do Protocolo de Quioto, marcada para dezembro deste ano, a sugestão de transformar a preservação de florestas em créditos de carbono. A comissão decidiu transformar a proposta em indicação que será encaminhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Planejamento integrado
Marcio Zimermam informou, durante a audiência, que a política energética do País segue um planejamento integrado de produção e consumo, que envolve todas as matrizes energéticas. Ele afirmou que o Brasil tem uma matriz energética baseada sobretudo na energia hidráulica e em fontes renováveis, que representam 44,5% de toda energia consumida no país.
Zimermam afirmou que o Brasil se comprometeu, no Protocolo de Kioto, a atender, até 2030, 46% de seu consumo a partir de fontes hidráulicas e renováveis. Ele lembrou que, atualmente, os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por exemplo, atendem apenas 6% de seu consumo a partir dessas fontes e o resto do mundo,14%.
Custo da energia
Já o representante da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia Elétrica (Abiape) Mário Menel destacou que a construção de novas alternativas energéticas, com preço competitivo, vai permitir que as empresas possam cumprir compromissos e exportar seus produtos.
(Por Paulo Roberto Miranda, Agência Câmara, 02/10/2007)