O comissário europeu para a Energia, Andris Piebalgs, disse que a demanda por energia deverá duplicar até 2030 e ressaltou a importância do desenvolvimento de um mercado europeu de gás natural e eletricidade. "A duplicação da procura de energia em 2030 será uma das conseqüências do atual mercado energético", afirmou Piebalgs durante o "Lisbon Energy Forum", evento organizado pela Fundação Mário Soares, instituição fundada pelo ex-presidente português, e pela petrolífera lusa Galp Energia.
"A Europa representa um sétimo do consumo de energia no mundo", disse o comissário, classificando a crescente dependência mundial em relação aos combustíveis fósseis como uma "verdade bastante inconveniente". Piebalgs justificou as previsões de aumento com fato de "mais de metade do consumo europeu de energia depender de importações" e o rápido aumento da demanda nos países em desenvolvimento. Segundo o comissário, é essencial o desenvolvimento de um mercado europeu de gás e eletricidade. "Para a criação de um mercado sustentável de energia, são necessários novos investimentos em infra-estruturas da rede de gás e de eletricidade".
Andris Piebalgs também disse que "a nova política energética é um passo em frente" e que a existência de uma voz comum "é essencial" para que a UE possa enfrentar os desafios geopolíticos do petróleo e do gás. "A nova estratégia traduz-se num compromisso forte até 2020 de redução em 20% das emissões de dióxido de carbono e até de 30% se os nossos parceiros mundiais também a seguirem", afirmou.
Consumo
O comissário europeu para a Energia citou ainda as previsões da Agência Internacional de Energia, que estima um amento da procura de petróleo nos próximos anos de 1,9%, o que significa 33 milhões de barris por dia em 2030. De acordo com Piebalgs, UE produzia 212 bilhões de metros cúbicos de gás natural em 2005. O crescente consumo e a redução da produção levaram ao aumento das importações de 161 bilhões de metros cúbicos em 1995 para 298 bilhões em 2005, acrescentou.
"Nestes anos, as importações da Rússia aumentaram 15%, tendo também duplicado as importações da Noruega e da Argélia", afirmou. "Não podemos dar por garantido que os nossos fornecedores de hoje vão satisfazer as nossas procuras de amanhã. É preciso fazer face à necessidade crescente de gás e petróleo no futuro", disse o comissário.
Além disso, alertou para o fato de os governos utilizarem as fontes de energia como "instrumento estratégico e para fins políticos". "Oitenta por cento das reservas de petróleo são controlados pelos Estados. Corremos aqui o risco de termos uma transparência comprometida pelo poder político", disse.
O comissário criticou ainda o uso por alguns governos dos recursos energéticos para aumentar a sua popularidade, alertando que isso pode levar ao crescimento da procura e do desperdício. Para Andris Piebalgs, a situação põe em risco a estabilidade e a transparência do mercado energético global.
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Lusa, 02/10/2007)