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eucalipto no pampa religiao e ecologia
2007-10-02
Reforma agrária e a violência no campo, a função social da propriedade e os malefícios das monoculturas foram discutidos durante a oficina “Os pobres possuirão a terra” organizada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) durante o I Fórum da Igreja Católica do Rio Grande do Sul. Mais de 100.000 pessoas e representantes de 17 dioceses do Estado participaram do Encontro, realizado entre os dias 20 a 23 de setembro, na Pontifícia Universidade Católica do RS, em Porto Alegre.

O jurista Jacques Távora Alfonsin, integrante da Rede Nacional de Advogados Populares (Renap), entidade que presta serviços de assessoria jurídica, foi convidado pela CPT para conduzir o debate a um público atento que lotou a sala.

Monoculturas e eucaliptos
Entre os destaques tratados, está o caso das licenças para o plantio de eucaliptos na zona sul do RS. Os religiosos lembraram que a área está, curiosamente, em cima do maior manancial de água doce subterrâneo do mundo, o Aqüífero Guarani. Para o coordenador da oficina e integrante da CPT/RS, Luiz Antônio Pasinato, a monocultura, além de empobrecer a terra, é sempre concentradora e excludente.

“Nos latifúndios (de soja e cana-de-açúcar, por exemplo) a colheita tem que ser feita com máquinas e implementos agrícolas, que acaba expulsando o trabalhador do campo para a periferia das cidades. As monoculturas não trazem sustentabilidade às famílias camponesas, que antes, comiam do que plantavam em suas lavouras e agora precisam ir ao supermercado comprar seu alimento”, argumenta.

Segundo o CPT, existem hoje 2.500 famílias organizadas em acampamentos no Estado, lutando para ter acesso à terra.

Passivos ambientais
A preocupação com os impactos ambientais das monoculturas na região Sul também foi debatida. “O plantio em larga escala não faz a justa distribuição da riqueza da terra e é prejudicial ao bioma pampa, porque altera a fauna e a flora da região. O eucalipto, por exemplo, é uma árvore que causa um desequilíbrio ao meio ambiente, por ser uma planta exótica, que necessita de muita água para crescer. Ao contrário do que dizem, essa cultura não gera emprego nem desenvolvimento para o Estado”, afirma Pasinato, baseado nos indicadores de 2000 do Censo Agropecuário do Uruguai.

Segundo o Censo, para cada 1.000 hectares cultiváveis trabalham, em média, 4,49 camponeses no plantio do eucalipto; 5,89 na criação de gado; 9,18 na ovinocultura; 10 no cultivo de cereais, 22 na produção de leite, 128 na suinocultura; 165 na viticultura e 262 trabalhadores na agricultura familiar, o que revela uma diferença considerável entre os diferentes tipos de culturas e os tamanhos das propriedades.

“Eu mesmo sou filho de pequenos agricultores, meus pais e meus irmãos moram na roça. Não havia condições de permanecer no campo por falta de terra, então tive que vir para a cidade. Pelos meus estudos em Ciências Sociais e pela vivência junto aos sem terra e aos camponeses, adquiri essa consciência e por isso luto para fortalecer a agricultura familiar que vincula o homem à terra”, confessa Pasinato, que há 15 anos trabalha com movimentos sociais.

Patrocínio indigesto
Outra discussão levantada na oficina foi o patrocínio do Grupo Votorantin ao Fórum. A empresa distribuiu aos participantes do Encontro 10 mil mudas de árvores nativas e 20 mil saquinhos com sementes de flores. “Somos contra esse patrocínio, porque a autonomia do evento fica comprometida. Associar-se à Votorantin é aprovar, indiretamente, o plantio de eucaliptos”, acredita Pasinato.

Naqueles dias a CPT organizou um abaixo-assinado, que reuniu mais de 800 assinaturas, contra o patrocínio da empresa. O documento foi entregue aos coordenadores do Fórum. “Não obtivemos resposta da organização, mas esclarecemos que é preciso repensar o tipo de evento que queremos realizar, com que dimensões e estrutura. Se quisermos seguir com esse grande formato, a busca por patrocínios acabará sendo inevitável, porque exige muito recurso financeiro”, prevê Pasinato.

O que é a Comissão Pastoral da Terra
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) nasceu em plena ditadura militar, em junho de 1975, durante o Encontro de Pastoral da Amazônia, convocado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizado em Goiânia (GO). Já nos primeiros anos a entidade adquiriu um caráter ecumênico com a incorporação de agentes de outras igrejas cristãs, como a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e a Igreja Metodista.

Ela está dividida em 21 regionais, que abrangem todos os estados da Federação, articulada às pastorais da CNBB, às dioceses, ONG´s, aos movimentos sociais e órgãos internacionais, e presta um serviço educativo junto aos povos da terra (indígenas, negros, ribeirinhos, trabalhadores rurais, roceiros, sem terra, pequenos agricultores, assalariados, peões, posseiros) para estimular seu protagonismo nas lutas pela reforma agrária e agrícola. Equipes, formadas na maior parte por voluntários, acompanham esses trabalhadores e apóiam sua organização.

(Por Adriana Agüero, Ambiente JÁ, 26/09/2007)

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