Integrantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) ocuparam, ontem, uma área na divisa dos municípios de Canguçu e Cristal, pertencente à empresa Aracruz. O local é destinado ao plantio de eucaliptos para abastecer a indústria de celulose. A atividade teve como objetivo marcar a entrada do MPA na luta pela reforma agrária, até então uma pauta liderada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os produtores também protestaram contra o plantio de espécies exóticas para abastecer a indústria de celulose e de árvores próximas ao Rio Costa do Sapato. 'Um eucalipto pode consumir até 30 litros de água ao dia', argumenta o coordenador do MPA na região Sul, Avacir Matias. Aproximadamente, 450 pequenos agricultores participaram da mobilização.
No início da tarde, os manifestantes se dirigiram à Câmara de Vereadores de Canguçu. No local, entregaram uma sugestão de projeto de lei de iniciativa popular que prevê a proibição do plantio industrial de eucaliptos e a limitação em 15% da área plantada com este tipo de espécie em pequenas propriedades rurais. O abaixo-assinado recebeu entre 3 mil e 4 mil assinaturas. Segundo Matias, o objetivo é que as terras improdutivas sejam destinadas aos pequenos produtores. 'Reflorestamento não é alimento, nem gera renda.'
O gerente da Aracruz Celulose, Renato Rostirolla, relatou que em torno de 200 mudas de eucaliptos da área de 300 hectares foram arrancadas. 'Isso sempre causa intranqüilidade, mas eles não têm embasamento científico sobre o tema.'
(Correio do Povo, 02/10/2007)