Moradores da Ilha das Flores bloquearam ontem, por 35 minutos, meia pista da BR 290, próximo ao quilômetro 102, para protestar contra a demora na distribuição de roupas e alimentos para os atingidos pela enchente de setembro. O protesto deixou o trânsito lento na via.
A intenção do grupo, a maioria mulheres e crianças, foi chamar a atenção para a situação de precariedade das famílias que perderam tudo com a cheia do Guaíba. 'A gente só vê o caminhão da Defesa Civil passar com as doações e nada foi distribuído aqui na ilha', reclamou a aposentada Miguelina Felícia da Silva, 62 anos, cuja casa, na rua do Pescador, foi invadida pelas águas.
O coordenador do ato e integrante do núcleo do Movimento dos Trabalhadores Desempregados das Ilhas, Antônio João Ferreira Lima, 24 anos, disse que a confusão foi formada pelo medo de que as doações não sejam suficientes para os 5 mil atingidos nas ilhas do Pavão, Flores, Pintada e Marinheiros.
Segundo Lima, a população também está revoltada pelo fato de pessoas com mais dinheiro poderem aterrar seus terrenos e os mais carentes, não. 'Uma caminhão de terra custa R$ 60,00. Isso faz com que se crie ilhas dentro da ilha.'
O protesto terminou quando o coordenador do Centro Administrativo das Ilhas (Carilhas), Ivo Schmitt, garantiu que a distribuição das 25 toneladas de alimentos - separadas em ranchos -, roupas e material de limpeza começa hoje pela manhã.
(Correio do Povo, 02/10/2007)