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2007-10-01
Caxias do Sul - O óleo de cozinha é um dos resíduos mais nocivos ao meio ambiente. Um litro despejado no ralo da pia ou em uma boca-de-lobo é capaz de poluir um milhão de litros de água. O acúmulo de gordura ainda provoca entupimento de redes coletoras e refluxo de esgoto. A boa notícia é que todos esses transtornos começam a ser evitados. Há uma semana, a Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca) implantou um sistema de coleta de azeite em residências e estabelecimentos comerciais, como pastelarias e restaurantes, com o objetivo de transformar restos de frituras em sabão ou biocombustível.

Apesar de a Codeca ainda não ter números sobre o total recolhido, os primeiros reflexos dessa iniciativa de reaproveitamento já podem ser notados na Associação de Recicladores do bairro Reolon. Os 30 profissionais, que atuam em sistema de cooperativa, coletaram desde segunda-feira passada 92 litros de azeite junto à comunidade. Com uma mistura de ingredientes baratos (veja receita ao lado), o óleo transformou-se em 500 barras de sabão, parte doada e outra vendida a R$ 1 por unidade.

- É uma nova fonte de renda para a gente partilhar. Em vez de só resgatar o lixo, passamos a reciclar, contribuindo com a natureza e ainda ganhando com isso. Cuidar do meio ambiente é cuidar da própria casa - opina Cleonice Nogueira, vice-presidente da entidade.

O diretor-presidente da Codeca, Adiló Didomênico, acredita que, ao encaminhar o óleo para reciclagem, a comunidade estará cumprindo uma função social, promovendo a geração de trabalho e renda nas associações, e evitando a poluição do meio ambiente.

Para integrar-se ao projeto Óleo Codeca é simples. Em casa, basta armazenar o óleo em uma garrafa tipo pet e, quando estiver cheia, vedá-la e depositá-la em uma lixeira do seletivo. O material será recolhido pela companhia e entregue a associações de recicladores, que o transformarão em produto de limpeza. A estimativa é de que as famílias caxienses joguem fora 91 mil litros de óleo por mês - média de 700 mililitros por residência.

- Despejada na pia, a gordura forma um filme que dificulta a oxigenação da água e a atuação dos microorganismos no esgoto. O óleo demora muito tempo para degradar - explica Ladenir Luiz Beal, professor da disciplina de Tratamento de Água e Efluentes do curso de Engenharia Ambiental da Universidade de Caxias do Sul (UCS).

Empresas
Consumidores de óleo em grande escala, fabricantes de alimentos e refeições também poderão colaborar com a reciclagem de restos de fritura por meio de um procedimento descomplicado. Uma transportadora especializada cede às empresas interessadas bombonas de 50 a 100 litros para que a gordura seja acondicionada. Quando elas estiverem cheias, um caminhão-tanque, que possui licença da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), recolhe o óleo e encaminha para a usina de biocombustíveis Oleoplan, de Veranópolis.

A iniciativa representa a garantia do destino correto do material e ainda um ganho para as empresas de R$ 0,10 ao litro de óleo.

- Não pagamos um valor alto pelo produto, mas é melhor do que não ganhar nada e jogar no meio ambiente - diz Sérgio Folle, empresário responsável pela coleta.

Uma das primeiras empresas caxienses a aderir à proposta é a Neobus, no bairro Ana Rech. Todo mês, a indústria utiliza 200 litros de óleo para frituras servidas no refeitório, que atende os 1,4 mil funcionários, em dois turnos. Sem ter a quem destinar, a empresa costumava descartar a gordura junto com os restos de alimentos, como faz a maioria dos restaurantes. A partir desta semana, o azeite usado na Neobus vai virar biocombustível.

- Reciclar o óleo é uma alternativa inteligente para preservar a natureza. A separação nas bombonas será muito fácil - acredita Aline Anschov, engenheira química da Neobus.

Inicialmente, o projeto Óleo Codeca pretende recolher na cidade 25 mil litros de gordura por mês. A longo prazo, com a conscientização da comunidade, a meta é coletar 100% do que é produzido pelas famílias e empresas (até agora não existe levantamento sobre quanto óleo é usado pelo ramo de alimentação). Na Serra, Veranópolis e Flores da Cunha também estão implantando projeto semelhante ao de Caxias do Sul.

Combustível
A Oleoplan ainda não iniciou a produção de biodiesel com óleo de cozinha uma vez que depende de uma licença da Fepam, que estaria prestes a ser expedida. Testes já foram feitos com restos de fritura e deram certo. No momento, 30 mil litros já estão estocados na empresa de Veranópolis.

- A idéia é coletar a maior quantidade possível. Transformando o óleo velho em biodiesel estamos prestando um serviço ao meio ambiente com um produto economicamente viável - diz Marcos Boff, diretor da Oleoplan.

Em média, um litro de óleo reage com 100 mililitros de álcool e se transforma em 700 mililitros de biodiesel.

Resíduos sólidos de frituras e água comprometem cerca de 30% do óleo. Ao final do processo, os sólidos podem transformar-se em ração e a água é tratada para voltar à natureza.

Mais informações
A Codeca está cadastrando empresas do ramo de alimentação que pretendem integrar-se ao projeto de coleta e reciclagem do óleo de cozinha. Interessados podem entrar em contato pelos telefones (54) 3224.9300 e 9985.1396. Os restos de frituras podem ser armazenados em bombonas cedidas pela entidade, e uma empresa coletora paga R$ 0,10 o litro de gordura.

(Pioneiro, 01/10/2007)


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