Neste mês, a Prefeitura de São Paulo lançou uma campanha para incentivar os paulistanos a reduzirem o consumo das sacolas de plástico, que se acumulam nos lixões e aterros da cidade. 'O interesse da campanha é fazer a população adotar sacolas duráveis, independente do material', disse o secretário do Verde, Eduardo Jorge.
A iniciativa não é nova - nem no mundo nem no Brasil - e o efeito aqui, por enquanto, é mais didático do que prático. Ele provoca no consumidor uma reação em cadeia de questionamentos sobre impactos ambientais e padrões de compra. Exposto ao problema ambiental, o cidadão precisa encarar a responsabilidade de manter o hábito danoso à natureza ou investir tempo e energia para mudar seu estilo de vida.
A reportagem do Estado colocou a idéia em prática em supermercados e feiras e percebeu que ainda levará um tempo para que consumidores e comerciantes a incorporem.
Uma sacolinha, dessas que são usadas para guardar as compras em supermercados, demora cerca de 100 anos para se decompor. Uma vez que elas começaram a ser usadas na década de 1950, ninguém no mundo viveu para vê-las sumirem.
Cerca de 66 milhões de sacolas plásticas são consumidas por mês no Estado de São Paulo e uma parcela pequena - menos de um terço - é reciclada. O potencial da reciclagem é alto, calculado em ganhos de R$ 15 milhões ao ano na capital paulista, em vez de gastos de R$ 8 milhões no manuseio de todo o lixo produzido. Para isso, diz o diretor do Instituto Brasil Ambiente, Sabetai Calderoni, é preciso aprimorar a legislação de parcerias público-privadas para que centros de reciclagem dêem conta do desafio.
Calcula-se que 12 mil toneladas de lixo doméstico são produzidas por mês na cidade. O equivalente a mil toneladas, ou 8,6% do total, é de material plástico. Nesse cenário, diminuir a quantidade de sacolas plásticas é vantajoso mesmo com o uso de sacos de lixo pela população, porque a quantidade de plástico total diminuiria. 'Teríamos uma porcentagem ínfima em relação às sacolinhas.'
(Por Cristina Amorim e Elisangela Roxo,
O Estado de S.Paulo, 30/09/2007)