Porto Velho, RO - Trezentas toneladas, no mínimo, de lixo plástico e embalagens de isopor, suficientes para encher 12 carretas, foram espalhadas pelos moradores de Porto Velho nas ruas da cidade, nos últimos três anos, entre 1º de janeiro de 2003 até o presente, entupindo bueiros, bocas-de-lobo, igarapés, causando alagações durante as chuvas, danos patrimoniais e à saúde pública.
A data de 2003 foi referida pelo repórter na primeira vez em que escreveu sobre este assunto, em abril de 2004, numa matéria publicada pelo semanário de Porto Velho "Imprensa Popular" - mostrando que sacolas de plástico e embalagens de isopor formam um lixo anual de cerca de 100 toneladas.
O assunto volta a despertar o interesse das autoridades quando se aproxima a temporada da chuva e da alagação de ruas, principalmente as do centro comercial desta Capital e se prevê aumento da população em conseqüência das futuras obras das hidrelétricas do rio Madeira.
Recentemente, um jornal porto-velhense referiu-se ao problema da poluição por sacolas de plástico, inspirado numa reportagem publicada há algumas semanas na Internet pelo jornal norte-americano "The New York Times", sobre essa questão nos Estados Unidos. Não era preciso ir tão longe para ver o que constitui um dos piores hábitos dos moradores de Porto Velho, embora seja estimulante saber que em termos de sensibilidade às questões ambientais, a imprensa porto-velhense "furou" o maior jornal americano há três anos e meio. Mas, nem a reportagem do NYT (nem a do jornal local que se inspirou nela) têm a profundidade que o caso requer.
É preciso, portanto, lembrando que o que escrevemos há três anos, enfatizar que o lixo tóxico é espalhado pelos moradores a partir da própria utilização de sacolas de supermercados como sacos de lixo.
Problema domésticoSeria menos nocivo para a cidade se o lixo doméstico fosse diretamente despejado pela população nas calçadas. A poluição começa também com a displicência com que um "saquinho" de refrigerante, ou um copinho de café, são jogados nas vias públicas.
O lixo plástico permanece indefinidamente na natureza. Não é biodegradável. Sua suposta desintegração ainda não é bem conhecida pelos cientistas e demora entre quatro a cinco séculos. É uma ameaça ao meio ambiente esteja onde estiver. Até mesmo no lixão municipal.
As autoridades municipais, estaduais e federais conhecem o problema em Porto Velho, não sabem como se livrar do lixo altamente perigoso, mas não informam, nem protegem o povo. Todas as soluções causam danos ambientais. Plásticos envenenam o solo, a água e é perigoso tentar destruí-los pelo fogo.
A maior parte deles, quando incendiada, libera chumbo, cádmio e níquel, substâncias tóxicas que envenenam o ar. Podem matar quem as respirar e deixam resíduos nas cinzas.
Os plásticos são feitos com propileno, etileno, fenol, poliestireno e benzeno, produto cancerígeno derivado do petróleo. Seus resíduos são os que mais ameaçam a vida no planeta, segundo a Agência de Proteção ao Meio Ambiente dos Estados Unidos (Environmental Protection Agency.)
(Por Nelson Townes, Jornal do Meio Ambiente /
Res Brasil, 30/09/2007)