As principais entidades envolvidas na elaboração do Pacto Desmatamento Zero na Amazônia negam atraso ou pouca adesão de atores da sociedade civil à iniciativa. O Pacto será lançado no dia 3 de outubro, em evento no Congresso Nacional com a participação da Frente Parlamentar Ambientalista. A idéia a nortear o Pacto é a diminuição gradual do desmatamento, culminando com desmatamento zero naquela região em 2015.
Nota divulgada no site O Eco questionava se o Pacto estaria realmente pronto até a data de lançamento. Também punha em xeque o peso de cada estado nas metas a serem estabelecidas.
Mário Menezes, diretor-adjunto da ONG Amigos da Terra explica o foco do Pacto e nega um esvaziamento da iniciativa por conta da pouca adesão de instâncias governamentais: "A intenção é criar um pacto de toda a sociedade civil sobre o tema. ONGs e outras entidades querem mostrar a viabilidade do projeto. Claro que a adesão de todos os segmentos sociais é bem vinda, mas o apoio do governo não é crucial."
O pensamento de Adriana Ramos, do Instituto Sócio Ambiental (ISA), segue a mesma linha da fala de Menezes: "O Pacto está pronto e o evento contará com as presenças dos governadores Blairo Maggi (MT), Eduardo Braga (AM) e Waldez Góes (AP) e terá apoio do instituto Ethos. Representantes do setor agropecuário e do Grupo de Trabalho Amazônia do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS) também apoiam a iniciativa", explica.
Para Adriana, o Pacto representa um passo enorme na luta contra o desmatamento. Ela também discorda da necessidade de apoio governamental para alavancar a iniciativa. "O governo é parte integrante da sociedade, mas nem sempre é preponderante. " afirma ela.
De acordo com Adriana, "o Ministério do Meio Ambiente já tem algumas iniciativas próximas ao que deseja o Pacto Desmatamento Zero, mas ele não pode representar a política do Governo federal como um todo". Ela destaca ainda a presença dos três governadores, ONGs e outros movimentos sociais, além de alguns empresários.
"A presença dos governos estaduais é significativa. Muitas políticas são descentralizadas e não estão mais em poder do Governo Federal. O objetivo está sendo atingido - mostrar que é possível manter a floresta e envolver toda a sociedade na busca de soluções", finaliza.
Mário Menezes concorda: "Não buscamos o consenso. Queremos mostrar que o objetivo é alcançável no prazo estipulado para eliminar o desmatamento".
(Por Charles Nisz,
Amazonia.org.br, 27/09/2007)