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2007-10-01
No ritmo da preocupação mundial com equilíbrio ambiental, social e econômico, empresas semeiam os primeiros passos na jornada para adotar conceitos sustentáveis.

Essa nova prioridade já rende bons frutos a profissionais afinados com o tema, especialmente aos que amadureceram a capacidade de gestão e o olhar multifacetado tanto sobre a companhia como sobre questões socioambientais.

"As empresas estão mudando o foco de ambiente para uma visão mais integrada de sustentabilidade. Antes cuidavam dessa área de forma fragmentada. Agora buscam centralizar esse assunto em uma diretoria", avalia Mario Monzoni, coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas de São Paulo).

Segundo ele, as companhias mais adiantadas nesse processo são as maiores, as mais globalizadas e as que têm capital aberto, já que há um índice especial para avaliar as empresas sob um viés socioambiental.

Trata-se do ISE (Índice de Sustentabilidade das Empresas), que reúne na Bovespa as firmas de capital aberto com as melhores práticas sustentáveis. De 28 em 2006, as participantes passaram a 34 neste ano.

"Procuram consultores para se adequar aos quesitos do ISE e reforçam seus quadros de profissionais por causa disso", argumenta Monzoni.

Segundo especialistas, os bancos largaram na frente na organização de departamentos especializados em analisar questões socioambientais.

"Preocupam-se também empresas que geram impacto ambiental, como as de mineração, papel e celulose, cimento e energia", diz José Augusto Drummond, professor de fundamentos das ciências ambientais do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB (Universidade de Brasília).

À procura de especialistas

Para ele, uma combinação de motivações leva a adotar o enfoque sustentável: a legislação ambiental tem sido aplicada com mais rigor, e investidores e consumidores têm optado por produtos com esse perfil.

"As companhias se deram conta de algo simples. Limpar a produção aumenta a produtividade e diminui a ineficiência, pois se consomem menos água, matéria-prima e energia", diz.

Além disso, diversificam o leque da formação e buscam profissionais que antes não mandavam currículos para cargos de gestão, como biólogos, antropólogos e geólogos.

Alguns recebem treinamento na firma. Outros buscam entender assuntos técnicos cursando pós-graduação em temas ligados à sustentabilidade.

De acordo com Priscilla Navarrette, formada em direito e hoje consultora em desenvolvimento sustentável, o maior desafio do novo profissional é orquestrar o processo de transformação dentro da empresa.

"Influenciar decisões exige paciência e persistência. Além disso, bom conhecimento sobre gestão de negócios e criatividade são bem-vindos."

(Por Renata de Gáspari Valdejão e Lia Vasconcelos, Folha de S.Paulo, 30/09/2007)


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