Uma das searas que mais se desenvolveram com a onda do "sustentavelmente correto" foi a da certificação.
A área de sistemas de gestão de qualidade já tem 41 entidades certificadoras no país, o setor de gestão ambiental conta com 22 e o de manejo de florestas soma quatro, segundo o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).
"Está-se abrindo um campo de trabalho muito grande", confirma José Joaquim Amaral Ferreira, diretor de certificação da Fundação Vanzolini, que faz auditorias de certificação e treinamento de auditores.
Ele explica que cada norma técnica exige uma formação alinhada com seu tema. As principais opções de trabalho estão nos setores de gestão de qualidade, ambiente, saúde e segurança, responsabilidade social e construção sustentável.
"O auditor de sustentabilidade tem de ter formação geral em ambiente e entender de mercado de carbono e gestão de qualidade", afirma Ferreira.
Mas o mercado é amplo, já que muitas entidades setoriais, de olho no interesse do consumidor, estão se empenhando em criar suas próprias normas. Elas não são acreditadas (não têm aval de um organismo oficial), mas, de acordo com Ferreira, valem como experiência para os auditores.
Construção sustentável
Um setor que cada vez mais flerta com a certificação sustentável é o da construção civil.
Há dois anos, só dois empreendimentos buscavam a certificação internacional Leed, que avalia obras com viés sustentável. Em 2006 eram oito, e neste ano são 30, segundo a presidente do conselho do Green Building Council Brasil, Thassanee Wanick.
E há pressa: a indústria imobiliária é uma das que estão chegando atrasadas ao tema, embora seja responsável por 5% da emissão mundial de gases causadores do efeito estufa.
O profissional mais procurado é o que sabe avaliar o projeto considerando os impactos que causará no ambiente e a economia que vai proporcionar. "Precisa saber reduzir custos de forma inteligente", diz Wanick.
O empreendimento comercial Rochaverá, em construção em São Paulo, pretende receber a certificação ouro do Leed dentro de seis meses. Procurou a Sustentax para fazer o projeto de certificação.
"Quem vai querer morar em um prédio com condomínio caro, que afeta a saúde e tem valor venal menor?", questiona Newton Figueiredo, presidente da Sustentax.
Segundo ele, o profissional que pretende ingressar na área, engenheiro ou arquiteto, precisará ter uma formação holística. "Ele terá de estar aberto para encontrar o equilíbrio entre a questão arquitetônica e a minimização de gastos, tanto para o empreendedor como para o futuro morador."
(Por Renata de Gáspari Valdejão,
Folha de S.Paulo, 30/09/2007)