O chefe de Gabinete argentino, Alberto Fernández, desmentiu neste domingo (30/09) que o presidente Néstor Kirchner tenha dito que a fábrica de celulose que a Botnia construiu no Uruguai não será realocada e disse que manterão sua exigência de "relocalização".
"A Argentina continua absolutamente firme em sua posição e com sua estratégia. Não mudamos", declarou Fernández à "Radio América", ao ser consultado sobre as declarações de Kirchner sobre o conflito com o Uruguai por causa da instalação da fábrica na cidade de Fray Bentos, que geraram uma forte reação de ambientalistas argentinos.
As palavras de Kirchner foram publicadas na sexta-feira pelo jornal argentino "Clarín", que as interpretou como uma aceitação de que a solução do conflito bilateral está nas mãos da Corte de Haia, que decidirá sobre este caso provavelmente no primeiro semestre do próximo ano. O presidente argentino, que esteve em Nova York para a 62ª Assembléia Geral da ONU, disse na quinta-feira que "não havia nada a fazer" sobre a controvérsia causada pela instalação da fábrica, e que só restava esperar a decisão da CIJ (Corte Internacional de Justiça) de Haia.
A empresa finlandesa Botnia só espera uma última autorização do governo uruguaio para começar a produzir pasta de celulose. A Assembléia Ambiental de Gualeguaychú, cidade argentina vizinha da uruguaia Fray Bentos, interpretou as declarações publicadas de Kirchner como uma "traição" e iniciou neste domingo uma interrupção na denominada rota do Mercosul, que vai em direção a Uruguai e Brasil.
No entanto, o chefe de Gabinete esclareceu que, "como disse o presidente Kirchner, é no Tribunal de Haia onde a Argentina continua mantendo de pé a inconveniência de se instalar a papeleira" na região. Kirchner convocou uma reunião para esta segunda-feira com o governador da Província (Estado) de Entre Ríos, Jorge Busti; o intendente (prefeito) de Gualeguaychú, Daniel Irigoyen; e com outros dirigentes da Província, para analisar a situação e os passos a seguir no conflito.
(Efe, 30/09/2007)