O conflito interno na aldeia dos índios caxinauás iniciou-se nas comemorações do Dia da Independência do Brasil. Segundo o vice-prefeito do município de Jordão, Siã Kaxinawá, que também é cacique da tribo, durante a festa realizada na aldeia, na Foz do Breu, em Marechal Thaumaturgo, Alto Juruá, houve uma bebedeira.
Na ocasião, de acordo com o vice-prefeito, um grupo de índios caxinauás, liderados por José Roberto, iniciou uma briga e feriu gravemente um membro da família Paula Medeiro.
A partir desse momento, membros da família do ferido entraram em guerra contra a família do agressor. A desavença interna na aldeia resultou na morte de 15 índios.
O líder indígena disse ter solicitado das autoridades competentes uma posição para pôr fim ao conflito. Até o momento, porém, nenhuma providência foi tomada e, com isso, ele teme que outras mortes possam acontecer, uma vez que José Roberto encontra-se foragido da aldeia e fortemente armado e ainda recebe apoio de sua família.
Segundo Siã Kaxinawá, um dos maiores problemas enfrentados pelos líderes indígenas da região, contribuindo para a violência entre os índios, é justamente o comércio de bebidas alcoólicas para os índios. Enquanto marreteiros vendem seus produtos sem fiscalização, o lucro desses pequenos comerciantes leva a desgraça a povos nativos.
Na região, de acordo com Siã Kaxinawá, os marreteiros vendem de tudo, o exemplo, remédios e cachaça.
"O resultado do livre comércio na região, em muitos casos, provoca conflito que pode até dizimar uma nação indígena, pois a guerra entre as duas maiores famílias indígenas da região já eclodiu", concluiu o vice-prefeito Siã Kaxinawá.
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A Tribuna, 28/09/2007)