O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciará nesta segunda-feira (01/10) a liberação de R$ 14,6 milhões da linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinada a cooperativas de catadores de materiais recicláveis.
Segundo informações do Palácio do Planalto, os recursos serão reapssados a 21 cooperativas em 10 estados do país, beneficiando cerca de 1,5 mil cooperados.
As operações fazem parte dos 34 projetos já aprovados pelo BNDES, no valor total de R$ 22,9 milhões. O financiamento destina-se a reformas de infra-estrutura física, assistência técnica e capacitação de cooperadores.
“É uma conquista a partir do compromisso do governo com a geração de postos de trabalho. O próprio presidente [Lula] se comprometeu, em reunião que tivemos, a abrir postos de trabalho. Para nós é de grande importância, para gerar mais trabalho a catadores do Brasil todo", observa Roberto Laureano, da coordenação nacional do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR).
A entidade calcula que existem atualmente no Brasil entre 300 mil e um milhão de catadores. A estimativa engloba desde catadores cooperados até catadores que trabalham a céu aberto e nas ruas das cidades.
O movimento tem cadastradas 450 cooperativas formalizadas, reunindo em torno de 35 mil catadores. A maior parte das organizações é constituída por associações.
A linha de crédito foi lançada pelo presidente Lula em outubro do ano passado, a partir de uma proposta conjunta dos Ministérios do Trabalho e Emprego, Cidades e do Desenvolvimento e Social e Combate à Fome.
A medida originou-se de um estudo da Faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia, que foi encaminhado como reivindicação à Presidência da República pelo MNCR.
A pesquisa levantava as necessidades dos catadores para que pudessem se constituir em organizações sustentáveis que garantissem qualidade de vida.
Um estudo do Instituto Polis sobre os resíduos desviados dos aterros sanitários pelos catadores de materiais recicláveis mostra que, somente na cidade de São Paulo, estão em atividade 20 mil catadores.
“Esses carroceiros, como são chamados popularmente os catadores, coletam em torno de 400 quilos de materiais por dia, o que resulta em oito mil toneladas diárias de lixo reciclável que deixam de ir para os aterros sanitários e são destinados adequadamente para a coleta seletiva”, destacou Davi Amorim, da assessoria do movimento.
Segundo ele, a média nacional de renda dos catadores varia de R$ 70 a R$ 140 mensais. Com a compra de equipamentos, caminhões e prensas para realizar o trabalho de forma adequada, esse valor subiria para R$ 450 por mês, avaliou Amorim.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 30/09/2007)