A questão da mudança climática foi abordada na semana passada na ONU e em Washington, onde dirigentes mundiais e diplomatas discutiram a crise ambiental que ameaça o planeta, apesar das divergências que persistem entre seus pontos de vista. "Esta foi uma semana muito importante", afirmou um delegado europeu. "A mudança climática está agora sobre a mesa dos chefes de Estado e de Governo e também se nota a movimentação do lado americano".
Os representantes de 150 países mantiveram em Nova York uma reunião inédita sobre o aquecimento global antes da assembléia geral das Nações Unidas, sem a presença do presidente George W. Bush. Eles enviaram uma mensagem de esperança para que, em dezembro, haja avanços concretos na conferência internacional de Bali (Indonésia), patrocinada pela ONU com o objetivo de elaborar um rascunho do documento que substituirá o Protocolo de Kyoto.
O Protocolo de Kyoto expira em 2012 e o próximo regulamento sobre controle das emissões de gases de efeito estufa deverá estar pronto em 2009. "Ouvi um chamado claro dos dirigentes do mundo para um avanço decisivo durante a conferência de Bali", comentou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Ante uma opinião pública americana que começa a se preocupar com os problemas climáticos, o presidente Bush convidou, nesta semana, a Washington os 16 países mais poluidores do planeta para discutir o tema.
Convencido da ameaça que representa a mudança climática, que, segundo ele, constitui um dos grandes desafios desta época, Bush se manteve, no entanto, contrário a aceitar as metas obrigatórias de redução das emissões de gases. Bush defendeu as reduções voluntárias de cada nação e o desenvolvimento de tecnologias limpas. Também se manifestou a favor de gerar mais energia nuclear.
O presidente americano surpreendeu os diplomatas ao propor uma futura cúpula de chefes de Estado sobre a questão, apesar de assegurar que o tema continuará sendo conduzido pela ONU. Também propôs a criação de um fundo destinado a ajudar os países em desenvolvimento a ter acesso a fontes de energia limpa. Os especialistas em mudança climática divulgaram, no início do ano, um informe alarmante, que estabelece a responsabilidade humana quanto ao aquecimento global e prevê altas temperaturas, fortes chuvas, secas e inundações antes que termine o século.
Os Estados Unidos rejeitaram e 2001 o Protocolo de Kyoto, que impõe limites para as emissões de gases de efeito estufa e, inclusive, questionaram a veracidade científica da mudança climática. Por seu lado, a União Européia (UE), Canadá e Japão são a favor de reduzir 50% das emissões antes de 2050. "As ambiciosas propostas européias receberam o apoio de inúmeros participantes, incluindo os países em desenvolvimento", afirmou Humberto Rosa, secretário de Meio Ambiente de Portugal.
Para os partidários do Protocolo de Kyoto, a chave da redução das emissões é fixar, estabelecendo limites às emissões de gás carbônico, um preço durável e mundialmente reconhecido pelas mesmas". O objetivo é penalizar a poluição e convidar o setor privado a investir em tecnologias limpas.
(AFP, 30/09/2007)