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2007-10-01

Com um discurso de quem quer se vender como nova liderança no combate ao aquecimento global, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, propôs nesta sexta-feira (28/09) a criação de um fundo internacional para financiar projetos de produção de energia limpa em países em desenvolvimento, como forma de reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Foi o que antecipou o chefe de Estado americano na Conferência Internacional sobre a Mudança Climática, onde disse também que o fundo funcionará por meio de contribuições dos governos. A criação do fundo será liderada pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, que começará a detalhar o processo com as nações participantes nos próximos meses. De acordo com Bush, a "chave" para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) no mundo está no desenvolvimento de tecnologia avançada para as energias limpas.

No entanto, voltou a insistir que cada país deve decidir qual é a mistura de ferramentas e de tecnologias adequada para alcançar "resultados mensuráveis e eficazes". O chefe da Casa Branca afirmou que uma das "soluções promissoras" para o problema da poluição é a tecnologia para produzir carvão limpo. "Estamos perto de uma conquista histórica: produzir energia através da primeira usina termelétrica de carvão com emissões zero", afirmou Bush.

Ao mesmo tempo, defendeu o aproveitamento da energia nuclear que, segundo ele, é "limpa e segura" e é "a única fonte de energia que pode gerar grandes quantidades de eletricidade sem causar poluição no ar ou emissões de gases de efeito estufa". Bush disse que os EUA estão reduzindo barreiras para a criação de novas usinas nucleares, além de criarem uma aliança de países com programas avançados de energia nuclear para facilitar a obtenção de eletricidade "segura, efetiva em custos e resistente à proliferação" aos países em desenvolvimento.

Após fazer uma breve referência à energia solar e à eólica como outras formas de produzir energia limpa, Bush solicitou aos países um maior esforço na hora de investir em pesquisa de tecnologias -- os maiores pesquisadores são EUA e Japão -- e pediu que facilitem o acesso a elas por parte das nações em desenvolvimento. Também disse que as medidas que forem implementadas terão que ser acompanhadas por outras relacionadas ao comércio.

"Temos que promover o livre comércio global de tecnologia energética", declarou o presidente americano. "A decisão mais imediata e eficaz que podemos tomar é eliminar as barreiras tarifárias e não tarifárias para os bens e serviços de energias limpas", ressaltou Bush, diante dos representantes da ONU, da União Européia (UE) e dos 14 países participantes da conferência.

O governante americano também se referiu ao desmatamento e ao transporte como partes do problema. "Os EUA vão fazer a sua parte (para reduzir as emissões). Levamos este assunto a sério", assegurou Bush, amplamente criticado por não ter assinado o Protocolo de Kyoto. "Trabalhando juntos poderemos conseguir políticas eficazes; há um caminho que permite a nossas economias crescer e proteger o meio ambiente ao mesmo tempo, e esse caminho é a tecnologia", insistiu.

O objetivo dos EUA é assumir uma maior liderança no tema da mudança climática e moldar este esforço por meio de um processo de consultas aos países mais poluidores, à UE e à ONU, para fixar uma meta mundial de emissões de CO2 em 2008, que contribua para um acordo global incentivado pelas Nações Unidas para 2009. A conferência de Bush foi vista por muitos críticos como um processo alternativo ao iniciado pela ONU para fixar um acordo que substitua o Protocolo de Kyoto, que vence em 2012.

Organizações ambientalistas protestaram na quinta-feira na sede do Departamento de Estado. Na sexta, o porta-voz do Greenpeace, Daniel Mittler, afirmou que as "palavras de Bush não valem o custo de uma ligação telefônica internacional". Para o ativista, a criação do fundo desvia a atenção do que realmente importa, e o apoio de Bush à "fonte mais poluidora (o carvão) e à perigosa energia nuclear é totalmente errado".

Os países participantes da conferência se reunirão de novo no inverno de 2008 (do Hemisfério Norte) para fixar seus objetivos. Diante das críticas, o presidente americano disse que "o trabalho necessário precisa ser feito ainda este ano, para que haja a possibilidade de se chegar a um consenso global para o calendário fixado pela ONU".
(G1, 30/09/2007)


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