A finlandesa Stora Enso anunciou na quinta-feira a venda, por US$ 208 milhões, de parte dos ativos da companhia em Arapoti (PR) para o grupo chileno Celulosa Arauco y Constitución (Arauco). A Stora Enso Arapoti é constituída de uma empresa produtora de papel revestido de baixa gramatura (com capacidade de 205 mil toneladas por ano), de uma serraria (com capacidade de 150 mil m³ por ano) e de uma empresa florestal (com 30 mil hectares de plantações). A transação envolveu 100% da serraria, 80% da área florestal e 20% da empresa produtora de papel revestido de baixa gramatura (LWC). As duas companhias definem o negócio como uma aliança estratégia.
Conforme Nils Grafström, presidente da Stora Enso América Latina, a decisão faz parte da estratégia do grupo de se dedicar apenas à produção de fibra de eucalipto para celulose, razão dos investimentos da companhia no Rio Grande do Sul. A Stora Enso já adquiriu 45 mil hectares de um total previsto de 100 mil. Em Rosário do Sul, na Fronteira-Oeste, já foram plantados cinco mil hectares de eucalipto. A celulose de eucalipto, de fibra curta, é utilizada para papel de escrever e papel sanitário. Conforme a Stora Enso, o consumo desse produto no mundo cresce de 800 mil a 1 milhão de toneladas por ano. O custo da tonelada fica entre US$ 600 a US$ 650.
Grafström salientou que a Stora Enso ainda não escolheu o município que irá sediar a nova fábrica do grupo, estimada em US$ 1 bilhão. "Como recém começamos o plantio, ainda temos tempo para decidir o local da indústria", afirmou o executivo.
Sobre o entrave provocado pelo impedimento legal de empresas estrangeiras comprarem terras a menos de 150 km da fronteira, Grafström salientou que a burocracia causou algum atraso, mas que a Stora Enso não está preocupada, pois "o que já foi comprado garante um bom horizonte de florestas em desenvolvimento".
A Stora Enso e a Arauco já negociavam desde 2006. O objetivo da Arauco era ficar com a serraria, que possui potencial para 150 mil m³/ano, e a área florestal, de 50 mil hectares. Em troca, a empresa chilena garantiria o suprimento de madeira à Stora para a fábrica de papel cuchê de baixa gramatura, usado em revistas e folhetos. Antiga Inapcel, o complexo no Paraná era da norte-americana International Paper e foi comprado pela Stora Enso em setembro de 2006 por US$ 420 milhões.
Os investimentos da Stora Enso na América do Sul também incluem a compra de terras na região central do Uruguai. Hoje, a empresa possui aproximadamente 25 mil hectares nos departamentos de Durazno e Tacuarembó. Até o final de implantação do projeto, a previsão é que esta área totalize cerca de 100 mil hectares.
(Por Cristiano Vieira,
JC-RS, 28/09/2007)