O presidente da Energia Sustentável - empresa criada pelo Grupo Suez para concorrer no leilão da usina de Santo Antônio, no Madeira-- Vitor Paranhos, disse nesta quinta-feira à Folha Online que a empresa não se associará a construtoras ou fornecedores de equipamentos para a disputa.
Ele confirmou que a Suez se associou à Eletrosul para participar na licitação, como antecipou a Folha Online. Paranhos disse ainda que já tem projeto e orçamento prontos para o empreendimento. Ele não quis adiantar números, mas informou que o valor previsto para o empreendimento está abaixo dos R$ 13,5 bilhões previstos pela Odebrecht.
"É porque não temos construtoras nem fornecedores no nosso consórcio. Tem um conflito de interesses muito grande, quando uma construtora entra no consórcio não é para vender energia, é para fazer a obra", afirmou.
De acordo com Paranhos, se a Suez for a vencedora na licitação, a empresa deve ainda incorporar novos sócios para o projeto, como o BNDES-Par, fundos e até mesmo uma das estatais que participarão com outros consórcios.
O próprio governo quer limitar a participação de construtores e fornecedores a 20% na sociedade que se formar após o leilão. De acordo com o governo, isso foi feito a pedido do BNDES --que deverá financiar o empreendimento-- para evitar que essas empresas coloquem um preço muito alto por seus serviços e encareçam o valor da energia.
Dois dos quatro consórcios firmados até agora para concorrer no leilão são encabeçados por construtoras: a Odebrecht se associou a Furnas e a Camargo Corrêa à Chesf. A Alusa também participará da disputa juntamente com a Eletronorte.
Exclusividade
Paranhos disse concordar com a manutenção dos contratos de exclusividade da Odebrecht com fornecedores de equipamentos apenas para o fornecimento de turbinas, já que a construtora investiu no desenvolvimento das geradoras que serão utilizadas no Madeira. Ele criticou, porém, a abrangência de outros equipamentos que são considerados padrão, como subestações, transformadores e fontes.
"Você não pode fazer contrato de exclusividade com equipamento padrão. Quem perde é o trabalhador brasileiro, já que esses equipamentos terão que ser importados e as obras do PAC gerarão empregos na China", afirmou.
(Por Lorenna Rodrigues,
Folha de S.Paulo, 28/09/2007)