Um dos responsáveis pelo programa do biodiesel no governo, o ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) rebateu as críticas do ex-diretor da Petrobras Ildo Sauer, que classificou o projeto como um "desastre". Para o ministro, as críticas foram "levianas". No Ministério de Minas e Energia, está sendo preparado relatório para mostrar o sucesso da iniciativa.
"As críticas são levianas e não estão embasadas nos fatos e na realidade", disse o ministro, que participou ontem de evento sobre o biodiesel que também contou com a presença de produtores e da Petrobras.
Cassel tenta rebater críticas feitas por Sauer no final de semana. Em entrevista ao jornal "O Globo", o ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras disse que o programa de biodiesel tem sido "um desastre". "Todo mundo sabe que [o biodiesel] está enfrentando dificuldades", afirmou. A entrevista foi concedida dois dias após a demissão de Sauer da estatal.
No governo, as frases de Sauer causaram desconforto. A Folha apurou que o ministro Nelson Hubner (Minas e Energia) ficou "chateado" ao ler a entrevista. Para responder às críticas, o ministério começou a preparar no início da semana um balanço sobre o programa que deve ser divulgado em breve. O relatório deve trazer números que mostrariam o sucesso da iniciativa, como a produção da atual safra.
Outro aspecto destacado pelo ministro do Desenvolvimento Agrário são resultados sociais do biodiesel. Ele cita como exemplo a inclusão de 100 mil famílias que fornecem grãos para produzir o combustível.
A reação do governo é criticada pelo diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), Adriano Pires.
Para ele, parte da avaliação do ex-diretor é coerente porque o projeto tem sido executado com a busca por objetivos conjuntos, sejam eles comerciais ou sociais. "O governo misturou programa energético com social. Quando você faz isso, não consegue resolver nenhuma coisa nem outra", diz.
Meta
O governo reconheceu ontem que poderá antecipar a meta de mistura de 5% do biodiesel ao diesel para 2010, e não mais 2013, como o previsto originalmente.
Uma das possibilidades para tentar acelerar a meta de mistura é fazer um incremento gradual facultativo de 1% a partir do ano que vem.
"Isso [a antecipação da meta] é uma especulação baseada na produção excelente que nós estamos tendo de biodiesel", afirmou o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, após uma reunião, no Planalto, entre o presidente Lula, três ministros e representantes da União Brasileira do Biodiesel.
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Folha de S.Paulo, 27/09/2007)