Não são somente os países ricos que poluem o meio ambiente e aceleram o processo de aquecimento global. O Brasil está entre os cinco países que mais poluem no mundo. Também há a China e a Índia. No caso brasileiro, o principal vilão são as queimadas de florestas. No entanto, alerta Juliana Ramalho, pesquisadora do Laboratório de Climatologia da UnB, os lixões também liberam gases altamente poluidores.
"Aqui no Brasil, as queimadas são o maior responsável pelas emissões de CO2 na atmosfera, mas com relação ao efeito estufa, nós temos problemas com os lixões, que liberam bastante metano", afirma.
Apesar do desmatamento ter diminuído no país, os índices ainda continuam sendo os maiores em toda a América. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), o Brasil responde por 74% das áreas desmatadas no continente entre 2000 a 2005. As áreas mais afetadas estão nas regiões Norte e Centro-Oeste, que sofrem com o avanço irregular de madeireiras, da pecuária e do cultivo da soja. Sobre os lixões, uma saída é a reciclagem do lixo. Dados do governo mostram que o Brasil produz 150 mil toneladas de resíduos sólidos por dia. Menos de 5% por cento desse total é reciclado.
No entanto, Juliana chama a atenção para a responsabilidade dos países ricos. "E a culpa não é somente nossa não. Nós temos as indústrias dos outros países, além da queimada e da agricultura. Se nós pegarmos a China, por exemplo, tem uma matriz energética totalmente voltada para o uso do carvão, que é um combustível que elimina bastante CO2. Não adianta só nós fazermos a nossa parte. Não significa que não devemos fazer, mas os outros países também têm que fazer", diz.
Juliana destaca que é necessário o Brasil tomar medidas mais enérgicas para conter o avanço do aquecimento, mas que não depende somente dos brasileiros. A pesquisadora critica os países considerados desenvolvidos, como os Estados Unidos, Japão e Austrália, que não querem reduzir a emissão de gases que determina o Protocolo de Kyoto, alegando perdas na indústria.
"Não há um grau de certeza tão grande que diga que é o processo local que se expande para o global ou se são vários efeitos pequenos que geram prejuízos para os grandes, formando um quadro global. Cada um tem que olhar para si, como os Estados Unidos, Rússia e índia", argumenta Juliana.
(Por Raquel Casiraghi,
Agencia Chasque, 25/09/2007)