Seis grupos de trabalho apresentaram ao Governo de Paris as suas propostas para redefinir a política ecológica francesa, preparando o lançamento de uma “revolução verde” em áreas como os transportes, clima e transgénicos. Os transportes são particularmente visados nas propostas apresentadas pelos grupos de trabalho criados pelo Governo e nos quais participaram grandes organizações ecologistas como a WWF e a Greenpeace.
Se estas propostas forem aceites e aplicadas, os automobilistas deverão, por exemplo, reduzir a velocidade em dez quilómetros/hora fora das cidades. A velocidade passará de 130 para 120 quilómetros/hora nas auto-estradas. Os proprietários de carros menos emissores de CO2 (dióxido de carbono) terão um bónus. A ideia de um imposto por quilómetro para os veículos pesados não obteve consenso.
Também o futuro do nuclear – que fornece 80 por cento da electricidade na França – e uma eventual moratória aos transgénicos não reuniram o acordo de todos. As casas novas deverão ser autosuficientes em energia em 2020 e os bairros ecológicos, já lançados na Alemanha e no Reino Unido, deverão ser copiados na França.
A França deverá ainda promover a agricultura biológica. As superfícies cultivadas com este tipo de culturas – hoje representando apenas dois por cento - deverão triplicar em 2010 e serem multiplicadas por dez em 2020. Os refeitórios deverão incluir 20 por cento de alimentos biológicos em 2012.
Até ao final de Outubro, estas propostas vão ser debatidas em reuniões regionais, no Parlamento e na Internet. No final será realizada uma grande mesa redonda com o Estado, o patronato e os ecologistas. Desta cimeira deverão sair entre 15 a 20 “planos-programa”, sob a alçada do Presidente Nicolas Sarkozy.
A organização desta cimeira foi uma das promessas eleitorais de Sarkozy, que fez da luta contra as alterações climáticas uma das prioridades diplomáticas de Paris. Para Jean-Louis Borloo, ministro francês da Ecologia e do Desenvolvimento Sustentável, trata-se de reorganizar a sociedade perante a rarefacção dos recursos naturais.
Os franceses parecem dispostos a um compromisso, uma tomada de consciência originada depois do choque da vaga de calor de 2003, que causou 15 mil mortos, e depois das campanhas do popular animador de televisão Nicolas Hulot. Noventa e três por cento dos franceses dizem-se dispostos a fazer esforços diários pelo Ambiente. “A verdadeira questão não é decidir, mas sim passar às acções”, disse Borloo.
(AFP, 27/09/2007)