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2007-09-28

Áreas agrícolas desativadas nos últimos anos poderão voltar a ser cultivadas na próxima safra. Bruxelas cogita também derrubar taxas de importação de certos tipos de cereais, medida que poderia beneficiar o Brasil. A União Européia reage à onda de aumento dos preços do pão, da cerveja, de carnes e de rações animais e pretende aumentar a produção de grãos.

Os ministros da Agricultura dos 25 países-membros do bloco aprovaram, na quarta-feira (26/09), uma proposta a ser apresentada à Comissão Européia para suspender até julho de 2008 a desativação de áreas agrícolas. Nos últimos anos, os agricultores europeus receberam vários bilhões de euros em subsídios para deixar de produzir alimentos, a fim de manter os preços artificialmente em alta. Desta forma, deixaram de cultivar 3,8 milhões de hectares de área agrícola, correspondentes a cerca da 10% da área cultivável da UE.

Deste total, 2,9 milhões de hectares poderiam voltar a ser cultivados imediatamente. Segundo cálculos da comissária de Agricultura da UE, Mariann Fischer Boel, com a medida, dez milhões de toneladas adicionais de grãos serão produzidos na Europa na próxima safra. O vice-ministro alemão da Agricultura, Gert Lindemann, disse acreditar que o aumento da oferta poderá frear a disparada dos preços internacionais dos grãos. O preço mundial do milho subiu 85% entre 2005 e 2006, o do trigo, 60% desde o ano passado.

Demanda supera produção
Os motivos seriam o aumento da demanda desses produtos em países emergentes, como a China e a Índia, a queda da safra na Europa, causada pela seca de abril deste ano, e o boom da produção de biocombustíveis. Segundo Boel, pelo terceiro ano consecutivo, o consumo mundial de cereais supera o volume produzido.

Boel anunciou também que vai sugerir à Comissão Européia a suspensão temporária das tarifas aduaneiras sobre as importações de certos tipos de cereais, que então poderiam ser fornecidos em maior volume pelos Estados Unidos, pelo Canadá e pela América do Sul (especialmente pelo Brasil, que espera uma safra recorde).

Em média, essas tarifas são inferiores a 10%. A França, maior produtora de grãos da Europa, reagiu com cautela à idéia. "Se derrubarmos as barreiras tarifárias, mesmo que seja só por um tempo limitado, teremos dificuldades de voltar a cobrá-las", disse o ministro francês da Agricultura, Michel Barnier.

Os subsídios e as barreiras protecionistas européias são um dos principais pontos de divergência nas negociações da UE com os EUA e com os países emergentes no âmbito da Rodada de Doha de liberalização mundial do comércio.

Cotas de importação de leite
Preço do leite também aumentaBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Preço do leite também aumentaO governo alemão anunciou que vai avaliar a proposta da comissária européia de Agricultura. Berlim, no entanto, rejeitou uma sugestão da Espanha e da Polônia, de suspender as cotas de importação do leite – cujo preço também dispara na Alemanha. "Mas se os preços continuarem em alta, a União Européia deve intervir", admitiu Lindemann.

Os ministros da Agricultura da UE rejeitaram nesta quarta-feira um pedido de autorização da importação de três espécies de semente de milho geneticamente manipulado de empresas norte-americanas. A decisão caberá agora à Comissão Européia, que já sinalizou sua aprovação. A Alemanha também votou a favor da importação das sementes. "Como se trata de espécies de milho para ração animal, não há perigo de que organismos geneticamente manipulados entrem na corrente alimentar", disse Lindemann.
(Deutsche welle, 27/09/2007)


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