As análises apontaram a baixa oxigenação da água e o alto teor de sedimentação, em virtude da enxurrada no dia anteriorA presidente do Instituto de Meio Ambiente do Acre - Imac, Cleísa Cartaxo divulgou ontem o resultado do laudo da Universidade Federal do Acre - Ufac, sobre as causas da mortandade de peixes no Rio Acre. As análises laboratoriais preliminares apontaram os seguintes motivos: a baixa oxigenação da água (na ocasião o rio registrava uma baixa lâmina do volume d'água), e o alto teor de sedimentação (em virtude da enxurrada no dia anterior). Os técnicos da Unidade de Tecnologia de Alimentos - Utal não encontraram nenhum vestígio de produtos químicos ou agrotóxico na água coletada no trecho onde ocorreu o desastre ambiental, conforme declaração de Cleísa.
Segundo ela, as equipes do Imac fizeram uma varredura (coleta de água) na foz dos igarapés que ficam no raio da tragédia ambiental no Rio Acre. Mas não detectaram nenhum vestígio de produto químico usado na indústria (frigoríficos e curtume), localizados na rodovia 364 (trecho Rio Branco/Campinas). Portanto, aguardarão a contraprova com resultado da análise / química dos tecidos e vísceras das espécies que foram capturadas no local da tragédia ambiental. "Com o laudo em mãos de centro especializado, poderão falar com autoridade que a mortandade foi por causa natural", observou a representante da entidade ambiental.
Dúvidas - O resultado preliminar não convenceu os ambientalistas acreanos mais céticos, que questionam o resultado da Utal. As suas declarações, são fundamentadas no registro da morte de milhares de espécies de peixe (jaú, mandudé, pescado, sardinha, arraia, bagre, mandim / bico de pato, piau, piaba, sarapó), caranguejos e cobras, que ficaram espalhados pelas praias do rio de águas barrenta. Os produtores rurais das comunidades do Belo Jardim, Liberdade e Catuaba, localizadas há cerca de 20 quilômetro da capital acreana, atribuíram o desastre ambiental, ao uso indiscriminado de agrotóxico (Tordon e Radap) nas fazendas, para o controle de praga nos pastos ou produtos químicos vastamente usados nos frigoríficos e no Curtume.
Para reparar o dano ambiental, o professor Claudemir Mesquita lançou recentemente uma campanha de cunho educativo: Amigos do Rio Acre. Este projeto de cunho ambiental, segundo ele, busca envolver a sociedade acreana nesta ampla campanha de despoluição do Rio Acre. Somente o esgoto doméstico da capital jogado no principal manancial d'água do Vale do Acre, corresponde por quase mil metros cúbicos de água suja sem nenhum tratamento. Esta contaminação, contribui para a baixa oxigenação da água e mudança no PH (potencial de hidrogênio) que resulta na proliferação de algas tóxicas. O baixo nível do Rio Acre nesta época do ano (mês mais crítico), multiplica as algas tóxicas, (que durante o dia libera o oxigênio, mas a noite inverte captura o oxigênio necessário, fazendo como que a oxigenação e a alteração do PH, provoque um choque térmico no meio ambiente aquático.
(Por Cezar Negreiros,
O Rio Branco, 26/09/2007)