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emissões de co2
2007-09-27
Após trinta anos sem um pedido definitivo, as companhias de energia atômica estão pressionando para o regresso de sua custosa tecnologia radioativa à custa de todos nós, contribuintes. O velho argumento dos anos setenta era que a eletricidade produzida através da energia nuclear reduziria nossa dependência do petróleo estrangeiro. Atualmente, com apenas 3% de nossa eletricidade procedente da combustão do petróleo, o lobby pró-nuclear utiliza o discurso do aquecimento global. O urânio, dizem, não desprende gases de efeito estufa como o carvão ou o petróleo.

O que os lobistas nucleares ignoram é a quantidade de carvão e petróleo que precisa queimar para enriquecer o urânio, transportar os resíduos radioativos pelas rodovias e ferrovias com veículos protegidos e garantir a segurança, já que seriam um alvo prioritário para a sabotagem.

Além disto, comecemos com a loucura tecnológica do ciclo da energia nuclear, desde as minas de urânio e seus resíduos mortais até o refinado e a fabricação de derivados energéticos; a superprotegida e imponente planta nuclear até a necessidade de um funcionamento perfeito da instalação e os problemas ainda não resolvidos da localização e embalagem dos perigosos resíduos radioativos e material contaminante durante os próximos 200 mil anos!

Tudo isso com o único objetivo de converter água em vapor. Uma cadeia bastante complicada para ferver água. Existem maneiras muito melhores e mais baratas de atender as necessidades de eletricidade da geração atual sem sobrecarregar durante séculos as futuras gerações com resíduos mortíferos.

Voltando aos anos setenta, antes da opinião pública se revelar e dizer não à energia nuclear, ajudada pela pouca disposição de Wall Street para financiar estas problemáticas plantas, a Comissão de Energia Atômica planejou a construção de 1.000 plantas de energia nuclear nos Estados Unidos para o ano 2000. Atualmente existem 103 plantas. Colocar as 100 plantas ao longo da costa da Califórnia teria sido um ato de imprudência sem precedentes, especialmente levando em conta as falhas sísmicas.

O terremoto de intensidade 6,8 que atingiu Kashiwakazi, no Japão, deixou fora de funcionamento uma planta nuclear gigante que, segundo o New York Times “gerou preocupação acerca da segurança da indústria nuclear nacional, repleta de acidentes”. Esta planta, propriedade da Tokyo Electric Power, possivelmente está situada diretamente sobre a linha de uma falha sísmica. Os relatórios falam diariamente de danos maiores do que se pensava no dia anterior, incluindo fugas radioativas, danos a dutos obsoletos, tubulações queimadas e outros "maus funcionamentos”, além dos incêndios. Várias centenas de barris de resíduos radioativos foram abaixo.

O problema com a indústria nuclear é o de Eva mordendo a maçã. Basta um acidente importante de fusão do núcleo do reator de uma planta para provocar uma demanda de fechamento de toda a indústria por dano público generalizado. Assim, voltando aos anos cinqüenta e sessenta, a Comissão de Energia Atômica, uma agência promotora e reguladora das plantas de energia nuclear, estimou que em um desastre deste tipo poderia ficar contaminada uma “área do tamanho da Pensilvânia”.

Lembremos que Chernobyl, na Ucrânia, ainda está rodeada por cidades e povoados vazios após a tragédia de 1986. A radioatividade abriu caminho até os rebanhos da Inglaterra, as nogueiras da Turquia e outros lugares. Existe qualquer outra indústria produtora de eletricidade que deva dispor de planos de evacuação específicos abrangendo quilômetros a seu redor, que seja inerentemente um risco para a segurança nacional e que não possa ser assegurada no setor privado sem requerer um mandato do Congresso de responsabilidade limitada importante no caso de acidentes massivos e requeira subsídios massivos à custa do contribuinte?

Um estudo de caso muito conciso e autorizado contra o átomo elétrico é o título recentemente publicado Por que um Futuro para a Indústria Nuclear é um Risco? por um grupo de organizações de saúde, meio-ambientais e de investimento social (Veja no site www.cleanenergy.org). Na introdução do relatório, o argumento contra a energia nuclear se resume do seguinte modo: “a energia eólica e outras energias renováveis, combinadas com a eficiência energética, a conservação e a co-geração podem ser muito mais efetivas no que tange a custo e podem decolar muito antes que as novas plantas nucleares”.

Efetivamente, a eficiência ou a conservação, com alcance nacional, podem reduzir à metade a perda de energia usando tecnologias e know-how disponíveis atualmente, antes que se abra a primeira planta nuclear de capital privado. Um cientista descreveu em certa ocasião o resultado primário das plantas de geração de eletricidade como um “aquecimento do céu”.

Se esta insensível indústria não pode ser reavivada pela Fazenda do Tio Sam não há nenhuma indicação por parte de Wall Street de que o investimento privado assuma o risco. O investimento se dirige atualmente rumo a energias eólicas, solares e outras energias renováveis. E isto é só o princípio da primavera para estas fontes benignas de energia.

A Agência Internacional da Energia prevê uma redução do custo de 25% para a energia eólica e uma redução do custo de 50% para as fotovoltaicas solares de 2001 a 2020. Sem o capital privado de Wall Street e com custos de construção e de operação em crescimento em outros países, não parece previsível que a energia nuclear seja competitiva, inclusive sem levar em conta os custos de embargo e os custos de muitos milênios de armazenamento de resíduos.

Acrescentamos a isso um grande acidente e, além dos danos e das terras e propriedades contaminadas, veremos os investidores privados correndo para assegurar seu risco enquanto a conta é passada aos contribuintes. Isto pode servir como sugestão para acalmar a propaganda do setor. Algum alto executivo da indústria nuclear deseja debater com o físico Amory Lovins no Clube de Imprensa Nacional, repleto de líderes de companhias elétricas? Se for assim, visite, por favor, http://www.rmi.org e entre em contato com o Sr. Lovins.

(Por Ralph Nader, Mirada Global, 26/09/2007)
Ativista em matéria de consumo; também é advogado e escritor.
Seu último livro é The Seventeen Traditions.
Tradução para www.sinpermiso.info: Anna Garriha Tarrés

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