Dois dias depois da chuva parar, as águas do Rio dos Sinos e seus afluentes inundaram dezenas de casas em Campo Bom e em Novo Hamburgo. Os alagamentos começaram na madrugada de ontem e aumentaram ao longo do dia. Os moradores das proximidades do Arroio Pampa, no bairro hamburguense Canudos, foram os primeiros a serem atingidos. Pela manhã, a Defesa Civil removeu duas famílias para um salão na Rua Odon Cavalcanti. ‘‘Estamos prontos até para auxiliar os moradores no transporte dos móveis’’, disse o coordenador da Defesa Civil, Álvaro Lucídio Pinto. À noite, moradores do Santo Afonso também sentiram de perto o avanço das águas.
A água chegou à altura da cintura de quem tentava atravessar a Avenida Alcântara. Os moradores evitaram sair de casa pela manhã, com medo de terem seus bens furtados. Na Rua Breno Werner Stork, os veículos tiveram dificuldades para passar por causa do acúmulo de água na pista. A Rua Jumbo, na Vila Getúlio Vargas, também amanheceu alagada. Conforme a papeleira Ivone Kohlrausch, 55 anos, o terreno não alagava há cerca de dois anos. Dezenas de estudantes deixaram de ir à aula. ‘‘Não dá para sair de casa desse jeito, pois corre o risco de se machucar ou ficar doente’’, justificou.
Na Rua João Correia, bairro Santo Afonso, a água obrigou uma família a abandonar a casa e deixou ‘‘ilhada’’ uma gestante. O metalúrgico Gustavo Lursen, 23, saiu da sua residência na manhã de terça-feira com sua esposa e três filhos de 7, 6 e 2 anos. ‘‘Nós cinco estamos numa peça de uma casa emprestada por um amigo. Enquanto a água não baixa, tenho que deixar tudo erguido. Fazia tempo que não vinha tanta água’’, afirmou Lursen.
MEDO A sua vizinha Elizângela de Moraes, 28, que espera o nascimento do seu segundo filho para 4 de outubro, está ‘‘presa’’ no segundo piso de um sobrado. ‘‘Meu marido está viajando e retorna amanhã (hoje). Fiquei com receio de deixar a casa vazia por causa dos constantes furtos que acontecem aqui. Quando ele chegar, vou sair’’, explicou.
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Jornal NH, 27/09/2007)