A Prefeitura de Nova Santa Rita removeu entre terça e quarta mais de 100 famílias que vivem nas proximidades dos rios do Sinos e Caí, nos bairros Morretes, Porto da Figueira e Berto Círio. Os desabrigados foram levados para galpões de um igreja e de um CTG. Outros foram para casas de parentes ou se protegeram da cheia como puderam. Moradores dizem que esta é a pior enchente na cidade nos últimos 23 anos. Em Canoas, a Prainha de Paquetá, no bairro Mato Grande, continua alagada e no Rio Branco pelo menos 40 casas estão dentro d´água.
A remoção das pessoas atingidas pela cheia dos rios Caí e Sinos começou ainda no final da tarde de terça-feira. Para retirar as pessoas, a Prefeitura acionou o Corpo de Bombeiros da cidade, que contou ainda com o apoio da corporação de Canoas. Pelo menos 20 famílias que moram no Porto da Figueira e outras 10 do Berto Círio foram levadas para o galpão da igreja Nossa Senhora de Fátima, localizada na parte mais alta do Porto da Figueira. Durante a manhã de ontem, o auxílio chegou para os moradores da Prainha de Morretes, no bairro de mesmo nome. O nível do Caí começou a subir de madrugada e pela manhã as casas já estavam invadidas pela água. Mais de 70 famílias foram atingidas pela cheia.
Vinte e três anos depois moradores revivem a mesma situação. O pescador Daniel Bastos, 37 anos, diz que mora na rua da Prainha desde que nasceu, e que a última enchente com a mesma proporção aconteceu em 1983. Ele ajudava na locomoção dos moradores que só conseguiam sair de casa de barco, pois a água, em alguns pontos da rua chegava na cintura das pessoas. "Do jeito que está eu não via desde 1983. A água começou a subir ainda terça-feira à tarde, pelo menos tive tempo de levantar meus móveis."
A dona de casa Zuleica Fabiana Machado Alves, 33, e a sua vizinha não tiveram a mesma sorte que Daniel. Zuleica, que também mora no local desde criança, conta que só conseguiu erguer a geladeira. "O guarda-roupas molhou e os armários da cozinha também." Os três filhos dela não vão à escola desde terça-feira por causa da água dentro de casa.
Solidária, a moradora da parte mais alta da rua da Prainha Isabel Oliveira da Silva passou a manhã de ontem ajudando os vizinhos. "A minha casa ainda está seca e eu estou recebendo quatro famílias, que tiveram a casa invadida pela água." O prefeito de Nova Santa Rita, Amilton Amorim, esteve nos locais para avaliar a situação e está preocupado. "Se chover quarta a situação pode piorar. Estamos de plantão para garantir auxílio a essas famílias, pois são pessoas de baixa renda ou desempregadas que estão perdendo tudo que têm."
(Por Lílian Patrícia,
Diário de Canoas, 27/09/2007)