O presidente boliviano, Evo Morales, criticou nesta quarta-feira (26/09) a idéia dos biocombustíveis, fazendo um ataque indireto ao discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas. "Não consigo entender que possamos transformar alimentos agropecuários em combustível para carros", disse Morales no plenário da Assembléia Geral.
Na terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinalou que o "mundo precisa desenvolver urgentemente uma nova matriz energética", na qual os biocombustíveis terão "um papel vital". "A experiência do Brasil em três décadas mostrou que a produção de biocombustíveis não afeta a segurança alimentar", disse Lula, contrariando a posição defendida recentemente pelo presidente cubano, Fidel Castro, que qualifica a experiência de "idéia sinistra".
Morales denunciou ainda que parlamentares bolivianos e membros de seu governo têm enfrentado dificuldades para entrar nos Estados Unidos, como ocorre com as delegações de diversos países. "Alguns países vêm para cá para ser ameaçados pelo dono da casa (...) o presidente Bush", disse Morales. Se esta situação persistir, "devemos mudar a sede das Nações Unidas".
Morales, um declarado admirador de Fidel Castro, se referia às palavras de Bush na terça-feira, que disse na Assembléia Geral da ONU que "o regime de um ditador cruel se aproxima do fim". O presidente boliviano afirmou ter "muito respeito" por Castro "porque manda tropas (ao mundo) para salvar vidas", enquanto Bush faz exatamente o contrário. Morales se referia aos médicos cubanos que participam de operações em zonas de desastre e de missões médicas na Bolívia e Venezuela, entre outros países.
(G1, 27/09/2007)