O projeto de reflorestamento da mata atlântica, promovido pela Coca-Cola, recebeu ontem o aval do Clinton Global Initiative -encontro anual no qual líderes de todo o mundo discutem como transformar desafios de sustentabilidade em ação. Com isso, a Fundação Coca-Cola pretende angariar mais recursos para o projeto, que custará R$ 27 milhões, durante os próximos cinco anos. Desse total, metade está sendo investida pela subsidiária brasileira da fabricante de refrigerantes e uma de suas engarrafadoras, a mexicana Femsa.
Com 400 marcas em 200 países, a empresa vende hoje 1,4 bilhão de bebidas por dia e lançou recentemente a meta de atingir a "neutralidade em água". Em outras palavras, significa que a empresa quer devolver ao ambiente a água que usa para fazer seus refrigerantes. A iniciativa de reflorestar a mata ciliar da mata atlântica, que ajuda a proteger bacias hidrográficas, faz parte desse projeto.
Num momento em que dezenas de empresas estão tornando-se "verdes" -e fazem questão de anunciar isso-, o questionamento que se coloca é: até que ponto a Coca-Cola, imbatível em marketing, está realmente interessada no ambiente? "Não somos a Madre Teresa [de Calcutá], dos refrigerantes", diz Brian Smith, presidente da Coca-Cola Brasil. "Queremos estar prontos para quando, daqui a alguns anos, todos os consumidores tiverem preocupações ambientais, termos respostas a eles."
A empresa não acredita que suas iniciativas terão efeito nas vendas, num primeiro momento. Mas como num futuro não tão distante o consumidor tende a preferir os produtos sustentáveis, a Coca-Cola tem, por exemplo, trabalhado com alguns de seus principais clientes, como as redes varejistas Wal-Mart e Tesco, para determinar o valor das emissões de gás carbônico produzidas na fabricação de cada lata ou garrafa de refrigerante. Apenas na questão da água, a empresa tem apoiado 70 projetos, em 40 países, principalmente nos em desenvolvimento. Outra iniciativa que poderá ter efeitos diretos no Brasil diz respeito à reciclagem.
A Coca-Cola está conversando com parceiros para instalar uma fábrica de garrafas PET recicladas, assim que for aprovada a legislação do Mercosul sobre o assunto.
As iniciativas seguem em outras áreas, que vão de embalagens à redução no consumo de energia e na emissão de poluentes. A empresa criou, há 18 meses, uma vice-presidência para assuntos ambientais e tem, há cinco anos, um conselho externo, formado por ambientalistas, que avalia seus projetos.
(Cristiane Barbieri, Folha de S.Paulo, 27/09/2007)