No leilão realizado na BM&F, o primeiro na América Latina, o banco europeu Fortis pagou ágio de 27,6% No primeiro leilão de carbono realizado no Brasil -e na América Latina- ontem, na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros), o banco belgo-holandês Fortis comprou os 808.450 créditos ofertados pela Prefeitura de São Paulo a 16,20 cada, num valor total de 13,1 milhões (por volta de R$ 34 milhões ontem). O preço mínimo era de 12,70 por papel. O resultado do leilão significou ágio de 27,6%.
Esses créditos de carbono podem ser usados pelo banco tanto para cumprir eventuais metas de redução de emissão de gases de efeito estufa como para vender no mercado internacional, principalmente o europeu, onde seu preço já ultrapassa os 20.
Disputado, o pregão eletrônico teve 14 instituições estrangeiras habilitadas -nove fizeram ofertas. O lance do Fortis que arrematou o lote foi o 16º da manhã. O ABN Amro, a unidade européia da Merril Lynch Commodities e o banco Goldman Sachs foram outras das instiuições participantes.
O secretário-adjunto de Finanças da Prefeitura de São Paulo, Walter Aloisio Moraes, disse que o Fortis terá até 90 dias de prazo para abrir sua conta de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) e depositar a quantia. "Corremos o risco cambial", afirmou. Procurado, o Fortis não se pronunciou ontem sobre o negócio.
Em consórcio com o espanhol Santander e o escocês RBS, o Fortis planeja comprar o ABN Amro -controlador do Banco Real no Brasil.
Os créditos de carbono vendidos ontem são gerados na queima do gás metano (CH4)no aterro Bandeirantes, em Perus (zona norte). Além de queimar o gás, a unidade gera energia com ele.
O valor arrecadado com o leilão deve ser aplicado em projetos de melhoria do entorno do aterro. Ontem, moradores da região carregavam faixa em frente à BM&F reivindicando o dinheiro arrecadado com a venda dos créditos.
Outros créditos de carbono gerados no mesmo aterro já haviam sido comercializados, segundo administrador do projeto UTE Bandeirantes. Ele informa que, com as vendas desses créditos e da energia gerada no aterro, o projeto conseguiu pagar seu investimento.
(Por Fabíola Salani,
Folha de S.Paulo, 27/09/2007)