A Cooperativa Mista de Fumicultores do Brasil (Cooperfumos), formada por integrantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), apresentou ontem um projeto para geração de bioenergia a partir de resíduos. O objetivo é garantir energia para auto-sustentação das atividades que mantém em uma área de 41 hectares junto ao Parque de Eventos de Santa Cruz do Sul.
O projeto foi entregue ontem ao diretor técnico e presidente interino da Eletrosul, Ronaldo Custódio, que esteve no município também para uma palestra na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). O presidente da Cooperfumos, Gilberto Tuhtenhagem, diz que a cooperativa pretende garantir que a companhia, ligada ao MInistério de Minas e Energia, subsidie a implementação da proposta.
A iniciativa prevê a utilização de resíduos obtidos com agricultores da região – como casca de arroz – que hoje são vistos inclusive como problema ambiental. “A casca de arroz libera toxinas nocivas ao ambiente. A idéia é transformar em energia tudo o que for produzido e não utilizado”, explica Tuhtenhagem.
A princípio, o processo envolveria a utilização de cascas provenientes de 300 mil sacas de arroz e de tungue, uma espécie de oleaginosa também utilizada na produção de bioenergia. Por enquanto, o projeto está em fase de estudos, com o auxílio de uma equipe da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A primeira etapa inclui o levantamento dos equipamentos necessários e os custos envolvidos no projeto.
O presidente da Eletrosul garante que a proposta é interessante para a companhia. “Vamos enviar uma equipe para avaliar de que forma poderemos nos integrar a esta proposta. A princípio iniciaríamos com um projeto de pesquisa para, em um futuro próximo, estabelecer uma parceria”, afirma Custódio.
PRODUÇÃOConforme Tuhtenhagem, a implementação de um sistema auto-sustentável de energia poderia garantir o aumento da produção da Cooperfumos, que hoje é de até 400 litros diários de álcool em sua microusina. O combustível é obtido a partir da destilação de cana-de-açúcar comprada de produtores da região.
A meta da cooperativa é instalar pelo menos outras 40 usinas do mesmo porte em todas as cidades localizadas na área de abrangência do complexo. Elas ficariam em comunidades e os produtores se associariam para realizar o beneficiamento da cana-de-açúcar para extração de álcool. Parte desse combustível serviria para abastecer motores diretamente nas propriedades.
Em uma segunda etapa, prevista para ocorrer em 2008, a direção da cooperativa pretende adquirir uma coluna retificadora para deixar o álcool de acordo com os padrões exigidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). Com isso, seria possível realizar a venda do produto para postos de combustíveis.
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Gazeta do Sul, 26/09/2007)