As chuvas que caíram nos últimos dias provocaram estragos em Rio Pardo. O nível dos rios Pardo e Jacuí está em torno de 7 metros acima do normal e já atingiu em torno de 50 residências, tanto na zona urbana quanto rural. Estradas que dão acesso a comunidades do interior estão interrompidas em razão do acúmulo de água e algumas lavouras de fumo sofreram sérios prejuízos em razão da precipitação de granizo.
Durante toda a tarde de ontem uma equipe formada por integrantes das secretarias de Assistência Social, de Obras e Defesa Civil fez a vistoria nas áreas mais atingidas a fim de realizar o levantamento do número de famílias desabrigadas. O grupo também verificou os moradores que estão ameaçados de serem atingidos pelas cheias.
De acordo com a secretária de Assistência Social, Ilse Pritsch, o trabalho inicial de socorro à famílias atingidas foi feito na segunda-feira. “Alguns casos mais graves foram resolvidos na tarde de segunda-feira quando removemos os moradores à casa de familiares. Apenas uma família foi conduzida a um centro comunitário. Temos uma preocupação muito grande com as crianças em razão de doenças que possam ser provocadas tanto pela umidade e o frio, bem como o que pode ser transmitido com essas cheias”, destacou a secretária.
INGAZEIROSUm dos principais pontos turísticos do município, a Praia dos Ingazeiros, está completamente alagado. Os bares e choupanas construídos a mais de 10 metros da margem do rio estão totalmente cobertos. Um dos proprietários de bar, Adão Moreira, disse que a chuva foi muito forte e o nível do rio subiu muito rápido. “Não tive tempo de salvar quase nada. Perdi freezeres, geladeira e outros móveis que tinha no bar – que era onde eu também morava”, lamentou, enquanto contemplava a água, sentando em um trapiche improvisado.
A estrutura amarrada junto ao pórtico de entrada guardava o pouco que a água não levou. “Há 35 anos moro na beira do rio, já vi muita cheia, até mais forte que essa, mas dessa vez nos pegou de surpresa, o rio subiu muito rápido, não deu para salvar quase nada”, disse. Pescador por profissão, Seu Adão, como é conhecido, disse que em menos de 12 horas o rio subiu cerca de dois metros. Segundo ele, há pelo menos 10 anos o nível não subia tanto. “Conheço esse rio e sei que vai subir mais”, disse.
Outra comunidade bastante atingida, dessa vez com a cheia do Rio Pardo, foi a da Praça da Ponte. Mais de 30 casas estão ameaçadas de serem atingidas. Algumas já estão alagadas. Para a industriária Eronita da Silveira, essa é a segunda maior enchente que atinge sua casa em sete anos em que mora na Vila. “Estou cuidando o nível da água pelos degraus da escada que dá acesso à minha cozinha. Meu medo é que amanhã atinja a porta”, disse.
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Gazeta do Sul, 26/09/2007)