A Aliança dos Povos das Florestas, organizadora do II Encontro Nacional dos Povos das Florestas ocorrido semana passada, em Brasília, divulgou no último domingo (23) sua Declaração oficial, resultado dos três dias de Encontro. O documento, lido no encerramento do evento, afirma que o modelo de desenvolvimento em curso no país, "caracterizado por grandes obras de infra-estrutura" é "predatório e ameaçador ao nosso patrimônio natural e cultural".
O texto salienta a importância de definir metas e estratégias para a questão da mudança climática, amenizando os impactos negativos das grandes obras, além de propor quatro princípios básicos, pensado com outros setores da sociedade, "em um modelo alternativo de desenvolvimento ambientalmente sustentável e socialmente justo".
Um desses princípios é a remuneração de comunidades tradicionais por serviços ambientais prestados, tema debatido no Encontro, e defendido pela maioria dos participantes.
O desenvolvimento sustentável das áreas naturais também é posto em pauta: o documento pede "que a biodiversidade e os produtos das florestas, rios, campos e manguezais sejam valorizados e apoiados em suas potencialidades".
No lançamento, Jecinaldo Saterê-Mawê, coordenador geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), afirmou que o próximo encontro deverá ser realizado em breve: "o certo é que não vamos esperar mais 20 anos. Vamos continuar mantendo esse espaço de luta. Com essas adesões, a aliança está preparada para o próximo evento ainda mais articulada e politicamente fortalecida", conclui.
Além da Declaração dos Povos das Florestas, a Aliança prepara um relatório geral como balanço do evento, que deverá ser lançado nos próximos 15 dias. A intenção é fazer com que o documento sirva de diretriz para o governo conduzir as políticas públicas com enfoque nas populações tradicionais e nas áreas florestais.
Confira
a íntegra da Declaração dos Povos das Florestas.
(Por Eduardo Paschoal,
Amazonia.org.br, 25/09/2007)