O secretário executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais Biodiversidade, Fábio Feldmann, disse nesta terça-feira (25/09) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá assumir um papel de líder mundial se associar, nos fóruns internacionais, o debate sobre a erradicação da pobreza à discussão sobre o combate ao aquecimento global.
“O presidente Lula tem um enorme prestígio internacional, levantou a bandeira de combate à pobreza e acho que até o momento o presidente Lula não percebeu a importância e a dimensão política do tema de aquecimento global. Se ele associar o combate à pobreza ao combate ao aquecimento global o presidente Lula será o Nelson Mandela desse século”, afirmou Feldmann, que é ambientalista e ex-deputado federal pelo PSDB.
Mandela foi representante da luta antiapartheid na África do Sul, que culminou com o fim do regime que negava aos negros (maioria da população) direitos políticos, sociais e económicos. Após o fim do mandato de presidente, em 1999, Mandela voltou-se para a causa de diversas organizações sociais e de direitos humanos.
Para o secretário executivo, um dos principais desafios mundiais na atualidade é buscar alternativas para incluir os mais pobres na sociedade de consumo sem comprometer ainda mais o meio ambiente. “Tem que associar a questão da pobreza à questão do aquecimento global, porque é óbvio que é um desafio ético você incluir na sociedade de consumo os pobres. Só que essa inclusão não pode ser feita, na mina opinião, em termos de aumentar as emissões de gases de efeito estufa”, destacou o ambientalista, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.
Feldmann destacou que a os pobres são mais vulneráveis aos impactos negativos do aquecimento global que os ricos. Segundo ele, a resistência de países como os Estados Unidos em ratificar o Protocolo de Quioto é uma política, porque a decisão de assinar o documento implicaria a substituição do uso de combustíveis fósseis, como o petróleo, por fontes de energia renovável.
As nações industrializadas que ratificaram o Protocolo de Quioto devem reduzir, até 2012, suas emissões de gases de efeito estufa em aproximadamente 5% abaixo dos níveis de 1990. Já os países em desenvolvimento não têm metas obrigatórias para redução de suas emissões.
“Essa transição do combustível fóssil para outras formas de energia é uma transição que tem um significado político muito importante, quer dizer, hoje o petróleo condiciona a geopolítica no mundo e não é por outra razão que os Estados Unidos estão no Iraque. Portanto, a resistência é política e do setor empresarial que marcou o século passado com o petróleo”.
Na entrevista, Feldmann também criticou o uso da energia nuclear como alternativa aos combustíveis fósseis no Brasil. “Eu ainda acho que é uma alternativa que deve ser colocada numa lista como uma das últimas prioridades, inclusive porque o custo da energia nuclear ainda é muito alto, além dos riscos inerentes em caso de eventuais acidentes”.
(Por Juliana Andrade,
Agência Brasil, 25/09/2007)