A reunião especial da ONU sobre o ambiente em Nova York surtiu efeitos, afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Para ele, os dirigentes do planeta alcançaram "um importante compromisso político" para negociar um acordo decisivo sobre a mudança climática na conferência de dezembro em Bali (Indonésia), que definirá novo acordo global contra o aquecimento do planeta em substituição ao Protocolo de Kyoto.
"Hoje escuto um apelo claro dos líderes do mundo por um acordo decisivo sobre a mudança climática, em Bali", declarou Ban ontem (24/09), ao resumir os resultados da reunião especial. "Agora penso que temos um importante compromisso político a alcançar."
A reunião de Nova York, celebrada na véspera do início da Assembléia Geral da ONU, teve a participação de mais de 150 países. A conferência de Bali acontecerá de 3 a 14 de dezembro. Os europeus, que lideram o mundo industrializado em termos de compromisso para reduzir a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa, defenderam a idéia de um acordo global para se obter progressos reais em Bali.
A União Européia (UE), Canadá e Japão são favoráveis a uma redução de 50% até 2050, para limitar o aquecimento do planeta a 2ºC com relação à era pré-industrial. O ministro britânico do Meio Ambiente, Hilary Ben, disse que as negociações de Bali devem visar à redução das emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa "em pelo menos 50%" abaixo dos níveis de 1990 até 2050.
O presidente argentino, Néstor Kirchner, pediu que as nações desenvolvidas "facilitem" aos países mais pobres "novos e criativos meios financeiros e tecnológicos, reconhecendo como mecanismos de pagamento da dívida externa a contribuição que implica a manutenção de reservas florestais".
O líder tcheco Vaclav Haus foi a principal voz dissidente no encontro, ao questionar a validade dos estudos científicos sobre a mudança climática. "A hipotética ameaça ligada ao aquecimento futuro do planeta depende exclusivamente de previsões especulativas, e não da experiência passada inquestionável", disse Haus.
O presidente George W. Bush, que não participou da reunião mas foi ao jantar após o evento, rejeita os limites impostos por Kyoto e defende reduções voluntárias apoiadas por transferência de tecnologia. Os ecologistas qualificam essa posição de tática para retardar o processo de Kyoto e dividir seus defensores.
(France Presse, 25/09/2007)