O Brasil já vive hoje uma situação de déficit no mercado de gás natural. Mas o País ainda não precisa passar por uma política de racionamento desse combustível porque as usinas termoelétricas movidas a gás não estão sendo acionadas em sua plenitude. Essas são algumas das principais conclusões de um amplo estudo sobre a matriz energética brasileira encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), ao qual o Estado teve acesso.
O levantamento mostra que a projeção total de consumo de gás natural para 2008, incluindo a demanda das distribuidoras, das refinarias e todos os contratos das usinas termoelétricas (ou seja, todo o gás a que elas têm direito), é de 91,6 milhões de metros cúbicos diários. A oferta total, por sua vez, fica apenas na casa dos 72,4 milhões de metros cúbicos. O que significa que, teoricamente, haverá, já no ano que vem, um déficit de 19,2 milhões de metros cúbicos de gás por dia - quase dois terços da capacidade do gasoduto Brasil-Bolívia.
O estudo da CNI afirma que essa situação só não levou o País a viver um racionamento de gás porque a demanda está sendo reduzida de forma indireta, pela retirada de quase 3 mil megawatts de térmicas a gás da oferta de energia elétrica.
"Não tem gás para as termoelétricas disponíveis. Isso nos parece uma espécie de racionamento, ou de déficit de suprimento", disse o presidente do conselho temático de infra-estrutura da CNI, José de Freitas Mascarenhas. Segundo ele, esse problema começou no governo anterior, "que liberou mais termoelétricas do que era possível abastecer, com a suposição de que elas não entrariam em funcionamento simultaneamente". As informações são do jornal O Estado de São Paulo.
(
Agência Estado, 25/09/2007)