A manhã de sexta-feira (21/09), último dia de debates no II Encontro Nacional dos Povos das Florestas, foi marcada por manifestações do público na primeira mesa de discussões. A plenária reivindicou tempo apropriado para suas falas. Quando as mesas terminaram, depois de cada convidado ter 10 minutos para sua apresentação, os organizadores deram dois minutos para cada representante se manifestar.
A principal reclamação do público é que o governo falou muito no encontro, e não sobrou tempo para o posicionamento dos povos das florestas. Na ocasião, os membros do governo se defenderam, afirmando que foram apenas convidados pela organização, e não esquematizaram o tempo de fala de cada um.
As críticas já haviam começado ontem, também ao fim da primeira mesa de discussões do dia. Os grupos presentes pediram uma mesa apenas dos povos das florestas, sob a ameaça de não comparecer aos outros debates propostos pela organização. Para Maria Ribeiro Damaceno, do Amazonas, a idéia era levar uma solução para sua comunidade, que sofre com a invasão dos fazendeiros, mas não conseguiu: “eu ainda não tive oportunidade de falar, e eu gostaria de dizer o que eu sinto, o que o povo ribeiro sofre dentro da reserva. Os povos, os pobres que tem lá, na mão dos aproveitadores”, afirma.
Jecinaldo Sateré-Mawé, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), acredita que os grupos estão tendo o espaço para falar, mas há muitos problemas para serem debatidos: “é importante dialogar com o governo, com membros das empresas, representantes de entidades internacionais, isso faz com que a programação fique tensa, e o tempo fica curto. Acho que não é o maior problema do evento. O problema maior são os inúmeros desafios que temos que enfrentar juntos”, finaliza. Para o fim da tarde, a organização programou uma mesa coletiva, reunindo todos os povos para elaborar um relatório e um documento de mobilização.
(Por Eduardo Paschoal, Amazonia.org, 21/09/2007)