Em um ano, um aumento de 12,3% na área cultivada com cana-de-açúcar e disponível para colheita no Centro-Sul do país. Só em São Paulo, responsável por 68% da cana cultivada na região, o total subiu de 3,04 milhões para 3,35 milhões de hectares entre as safras 2005/2006 e 2006/2007.
Os dados são do projeto Canasat, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que desde 2003 utiliza imagens de sensoriamento remoto, fornecidas por sensores dos satélites Landsat e CBERS, para mapear e quantificar a área cultivada em oito estados: Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná e São Paulo.
As informações mais recentes disponíveis se referem à safra 2007/2008, cuja área para colheita chega a 3,95 milhões de hectares. “Essa é a safra de cana que começou a ser colhida em abril. Ela termina em novembro deste ano e será comercializada em 2008”, disse Bernardo Rudorff, coordenador do projeto Canasat, à Agência FAPESP.
“Se para São Paulo somarmos a área disponível para colheita com a que foi ‘reformada’, ou seja, que já foi plantada mas será colhida em 2008, teremos 4,22 milhões de hectares. Esse é o total cultivado com cana-de-açúcar hoje em São Paulo, o maior estado produtor do país”, complementou o pesquisador da Divisão de Sensoriamento Remoto (DSR) do Inpe.
Trata-se de um aumento de quase 15% na área cultivada, uma vez que, considerando as áreas de reforma, o Estado de São Paulo registrava 3,66 milhões de hectares cultivados em 2006/2007.
As informações estão disponíveis na internet por meio de mapas temáticos com a distribuição espacial da cana, além da localização de usinas e destilarias. Com isso, é possível fazer análises como em que áreas a cana está se expandindo mais e quanto e onde cada município cultiva.
Segundo Rudorff, a cultura da cana tem características favoráveis para a identificação nas imagens de satélites. “A cana se destaca bem nesse tipo de imagem, principalmente porque se trata de uma cultura plantada em grandes áreas, o que a torna compatível com a resolução dos sensores de satélites”, explicou, ressaltando que o Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar no mundo.
Os pesquisadores calculam a área cultivada em cada cidade por meio do cruzamento das informações de satélite com mapas político-geográficos contendo os limites municipais. Paraná é o segundo estado que mais produz na região Centro-Sul, com 541 mil hectares, seguido de Minas Gerais, com 483 mil hectares.
O projeto Canasat é executado pelo Inpe em parceria com a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC).
Além de ser usado por produtores e gestores do agronegócio da cana para a previsão e estimativa da área plantada, representantes do governo federal, especialmente da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental e da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, ambas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), atualmente utilizam os dados do Canasat para o estudo da distribuição espacial da cultura e discussão de novas políticas públicas na área.
Mais informações: www.dsr.inpe.br/canasat
(Por Thiago Romero, Agência Fapesp, 25/09/2007)