O controle do desmatamento foi destacado na segunda-feira (24/09) pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, como o principal desafio brasileiro no conjunto de esforços para conter as mudanças climáticas. Em discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), durante encontro sobre o tema, Marina citou os avanços alcançados na redução do desmatamento, mas reconheceu serem necessários mais investimentos e apoios internacionais para a preservação das florestas.
"O nosso maior desafio está no controle do desmatamento e, neste desafio, buscar valorar a floresta em pé, para evitar que seja pressionada pela expansão de atividades pecuárias e agrícolas", disse a ministra. "Isto tem requerido investimentos significativos por parte do governo e hoje, mais do que nunca, se reconhece a necessidade de incentivos positivos financeiros para a implementação plena de ações para assegurar a redução de emissões por desmatamento."
Na última sexta-feira (21/09), antes de embarcar para Nova York, Marina lançou o cronograma de concessões de florestas públicas para exploração sustentável por grupos privados. A medida é elogiada algumas empresas e organizações não-governamentais (ONGs), mas é criticada por alguns especialistas e comunidades extrativistas.
De acordo com Marina Silva, vários países em desenvolvimento não possuem condições de investir em projetos sustentáveis. "A comunidade internacional tem sido alertada para a necessidade de auxiliar os países em desenvolvimento a seguirem uma trilha alternativa àquela que trilharam no passado."
A ministra do Meio Ambiente defendeu que os países desenvolvidos e em desenvolvimento trabalhem juntos e passem da retórica para a ação. Em relação aos países desenvolvidos, Marina Silva cobrou a necessidade do reconhecimento de que metas muito mais ambiciosas do que as fixadas no Protocolo de Quioto precisam ser assumidas e atingidas.
"Isso por meio da intensificação de ações domésticas e fortalecimento dos mecanismos de flexibilização, particularmente do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, além de outras abordagens complementares que acomodem setores e atividades que os mecanismos de flexibilização não incluem", sugeriu a ministra.
"Por parte dos países em desenvolvimento, o compromisso de dar maior transparência e visibilidade às ações que hoje já tomam, assim como das ações, políticas e medidas previstas para auxiliar no processo de mitigação da mudança climática, e a contribuição que as mesmas são esperadas ter, através do uso de uma métrica comum, dentro do princípio das responsabilidades comuns da Convenção sobre Mudança do Clima", concluiu.
(Por Juliana Cézar Nunes, Agência Brasil, 24/09;2007)