As subsidiárias da Eletrobrás já definiram com quais empresas privadas participarão do leilão da usina de Santo Antônio, a primeira do complexo do rio Madeira (RO) a ser licitada. Por determinação do governo, cada uma das quatro geradoras hidrelétricas da estatal formará consórcio para participar da disputa.
Segundo a Folha Online apurou, a Chesf (Companhia Hidroelétrica do São Francisco) --a mais disputada entre as estatais--firmou parceria com a Camargo Corrêa. A Eletrosul deverá disputar o leilão com o grupo franco-belga Suez e a Eletronorte, com a Alusa. Furnas já tem contrato com a Odebrecht para participar da disputa.
As empresas, porém, não confirmam que as parcerias estejam fechadas. De acordo com a assessoria de imprensa da Camargo Corrêa, há uma consulta pública em curso e o resultado só será divulgado depois do lançamento do edital. A Alusa também informou que não há nada decidido. O grupo Suez não retornou as ligações.
Na quinta-feira, após a divulgação do balanço do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner, confirmou que apenas quatro consórcios deverão participar do leilão, todos eles com uma estatal.
O presidente da Eletrobrás, Valter Cardeal, informou no início da semana que as quatro subsidiárias da estatal participarão do leilão em parceria com grupos "brasileiros e estrangeiros". "Vamos entrar com nossas geradoras com grupos que só serão divulgados depois do lançamento do edital", afirmou. A reportagem não conseguiu contato com a assessoria da Eletrobrás ontem.
Estratégia Depois de Furnas, a Chesf é considerada pela iniciativa privada a melhor das subsidiárias da Eletrobrás para participar do leilão. A empresa possui o maior parque gerador do Brasil e atende cerca de 50 milhões de habitantes no Nordeste.
A Camargo Corrêa e a Odebrecht travam uma disputa pública mesmo antes do leilão. A Camargo reclamava que a associação da concorrente com Furnas prejudicava os outros concorrentes.
A empresa chegou a entrar com uma denúncia contra a Odebrecht na SDE (Secretaria de Direito Econômico), do Ministério da Justiça, o que levou a secretaria a determinar a suspensão de contratos de exclusividade da Odebrecht firmados com fornecedores de equipamento. A Odebrecht então recorreu da decisão, mas ontem a Justiça negou o pedido e manteve a determinação do SDE.
Inicialmente, o governo não queria que as estatais participassem do leilão, permitindo apenas que elas se associassem à empresa vencedora após a disputa. A idéia, porém, esbarrou no contrato já firmado entre Furnas e a Odebrecht para a elaboração dos estudos de viabilidade do empreendimento.
O documento previa a participação de Furnas juntamente com a Odebrecht. A construtora, então, ameaçou recorrer à Justiça se o governo insistisse em vetar estatais no leilão. Para evitar a briga judicial, o governo liberou as estatais, mas exigiu que as outras geradoras participem da disputa com as mesmas condições de Furnas, incluindo o percentual de participação e a taxa de retorno do investimento.
A usina de Santo Antônio irá a leilão no dia 22 de novembro. A hidrelétrica terá capacidade para 3.150 MW e entrará em operação em 2012. O leilão da segunda usina do complexo, Jirau, está previsto para março de 2008.
(Por Lorenna Rodrigues,
Folha Online, 22/09/2007)