A cidade dos arranha-céus será também nos próximos dias o centro do debate político mundial sobre mudanças climáticas. A Organização das Nações Unidas promove nesta segunda-feira (24/09) um encontro de "alto nível" sobre o assunto, que ganhará ainda mais destaque na abertura da 62ª Assembléia Geral da ONU, na terça-feira. Enquanto os líderes políticos mundiais tentam chegar a consensos sobre, por exemplo, como reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa, nas ruas de Nova York, bicicletas dividem cada vez mais espaço com uma das maiores frotas de carro do mundo.
A prefeitura da cidade passou a estimular os taxistas a usar veículos com dispositivos elétricos e promete reforçar o pedágio no trânsito para estimular os motoristas a usar ônibus ou metrô. Para o Dia Mundial sem Carro, comemorado hoje (22), organizações civis nova-iorquinas como a Time´s Up não chegaram a promover um ato específico. Mas estimularam os moradores da cidade a fazer no sábado o que cada dia mais se torna rotina.
A funcionária pública Margo Bettencourt, 25 anos, está entre os que sonham em transformar Nova York em uma cidade "verde" e ecologicamente correta. Ela usa a bicicleta diariamente do trajeto de casa para o trabalho, em uma região conhecida com City Hall. São cerca de 30 minutos de pedaladas por ciclovias e ruas.
"Todo esse debate sobre aquecimento global tem estimulado outras pessoas a fazer o mesmo. Apesar de vivermos em um país muito individualista, depois desses relatórios científicos, do Katrina [furacão que devastou Nova Orleans, no sul dos EUA, há dois anos], sinto que a consciência sobre a questão ambiental está aumentado", avalia Margo. "O que falta agora é fazer a relação entre o problema e a política. Pouca gente se interessa por esses debates na ONU. As pessoas ainda não percebem que precisamos de decisões políticas para garantir nosso futuro nesse planeta", completa.
A "moda da bicicleta" em Nova York já se tornou até mesmo um bom negócio e fez surgir nos últimos cinco anos uma nova categoria de táxi: o bike táxi, espécie de charrete acoplada à bicicleta. O mexicano Carlos Rickshaw tem entre seus clientes taxistas e executivos que desejam voltar para casa mais rápido. Há 14 anos em Nova York, ele acredita que os moradores da cidades estão cada vez mais preocupados com a preservação do meio ambiente e com um estilo de vida mais saudável. "Para nós, é uma boa opção de trabalho. E, para os clientes, uma forma de transporte que ao mesmo tempo pode ser um passeio muito agradável."
(Por Juliana Cézar Nunes, Agência Brasil, 22/09/2007)